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Liquidação de janeiro: aposte em vestuário e cuidado com TVs

Especialista consultado pelo Terra criou um guia para você não cair em nenhuma cilada e conseguir aproveitar as promoções deste mês com tranquilidade

9 jan 2015 - 10h57
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A cena seguinte deve ter acontecido com muitos brasileiros nos últimos dias. Caminhando pela rua, você passa na frente da vitrine de uma loja e se depara com imensos (e tentadores) anúncios de descontos. São de 50%, 60% e até 70% em roupas, cosméticos, calçados, eletrônicos... Difícil resistir, não é? Mas é preciso ter cuidado. Nem sempre as liquidações tradicionais do mês de janeiro oferecem boas opções ao consumidor.

“Não tem como dizer que, só porque é janeiro, todo mundo está baixando os preços. Se o comerciante estimulou adequadamente a demanda e vendeu o que deveria durante o ano, não sobraram muitos produtos em estoque. Então talvez ele dê pouco desconto ou não dê nenhum”, disse Nuno Fouto, coordenador de pesquisas do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/Fia), em entrevista ao Terra.

Quando a demanda é superestimada e as vendas são menores, por outro lado, a tendência é que os descontos apareçam. Aí sim podem surgir bons negócios. A principal aposta deste mês, de acordo com o especialista, é a área de vestuário.“Já é tradicional. No começo do ano, as liquidações mais fortes são em vestuário. Isso acontece porque os varejistas fazem as compras e, no final do ciclo, têm que se livrar do que não foi vendido. Com roupa, não tem jeito; eles têm que arrumar espaço para as coleções novas”, afirmou Fouto.

É possível criar um ponto focal apenas com um facho de luz direcionado para um produto específico ou criar um pequeno cenário no interior da loja, com um ou dois manequins. Esses pontos podem ser usados para destacar um produto em promoção ou representar uma extensão da vitrine dentro da loja
É possível criar um ponto focal apenas com um facho de luz direcionado para um produto específico ou criar um pequeno cenário no interior da loja, com um ou dois manequins. Esses pontos podem ser usados para destacar um produto em promoção ou representar uma extensão da vitrine dentro da loja
Foto: Sebrae-SP/Divulgação

De acordo com ele, a situação é semelhante com eletrônicos, como computadores e celulares.  Estes aparelhos têm ciclos de vida curtos, ou seja, costumam “durar” relativamente pouco e ser trocados nas prateleiras de tempos em tempos por modelos mais completos.

“Ao longo do ano sempre vemos novos produtos eletrônicos entrando e saindo do mercado. Por isso, sempre existem boas promoções. Se o consumidor não se importar em ter o último modelo, consegue aproveitar preços menores nos anteriores em várias liquidações, não só nas de janeiro. É por isso que os ‘top de linha’, recém-lançados, nunca são recomendados para quem quer economizar”, explicou.

Entre os eletroeletrônicos, o coordenador acredita haver, especificamente neste ano, uma exceção: as televisões. Isso porque, durante 2014, o setor conseguiu manter altos índices de venda devido a promoções que usaram a Copa do Mundo como atrativo e com as quais os lojistas conseguiram acabar com os estoques. A liquidação, então, só acontecerá em casos previamente combinados com os fabricantes.

Para móveis, eletrodomésticos e outros produtos, a atenção deve ser maior; pode ser que a liquidação não seja tão vantajosa quanto parece.

Cuidados básicos

Para não exagerar nas compras deste mês nem cair em alguma cilada, coordenador de pesquisas do Provar/Fia elaborou uma lista com os três principais pontos aos quais o consumidor deve ficar atento no momento da compra.

Nunca comprar sem referência de preço

De acordo com o especialista, o comprador nunca deve “se deixar levar” pelas informações dos vendedores. Não pode, por exemplo, acreditar cegamente quando eles afirmam que determinado produto está sendo vendido pela metade do valor original. Esta referência deve ser do próprio consumidor, que precisa consultar em lugares diferentes e pesquisar por um tempo a variação do preço do item que deseja adquirir.

Prestar atenção no “pacote”

Às vezes, um produto de fato está mais barato que o usual, mas é vendido dentro de um pacote que o fará desembolsar mais do que gostaria. “O comércio eventualmente vende dois produtos dentro de um mesmo pacote. Um computador que vem com um acessório ou outro produto que só pode ser comprado com seguro e garantia estendida, por exemplo. Na negociação é preciso ficar atento a isso. Em valor absoluto, você pode, sem querer, acabar gastando mais”, disse.

Ter certeza de que conseguirá pagar – mesmo com desconto

Deu tudo certo. Você encontrou o produto que está de olho faz tempo e conferiu que ele está mesmo com um bom desconto. As perguntas que se deve fazer em seguida, então, são: tenho dinheiro para comprá-lo à vista? Se parcelar, conseguirei pagar todas as parcelas tranquilamente? Isso não vai apertar meu orçamento?

“O cidadão precisa lembrar que acabou de passar pelas festas de fim do ano, época em que os gastos são maiores. Muita gente ainda vai pagar a fatura do cartão de crédito das compras feitas em dezembro. Além disso, os primeiros meses concentram mais pagamentos, como IPTU, IPVA, matrícula e material escolar”, afirmou o superintendente do SerasaConsumidor, Júlio Leandro.

Se estiver com o dinheiro garantido e entender que a compra não prejudicará seu futuro, pode ir em frente!

Números da indústria

As vendas do Natal de 2014 não foram nada animadoras para os lojistas. De acordo com levantamento da Serasa Experian, elas registraram queda de 1,7% em todo o País na semana de 18 a 24 de dezembro em comparação com o mesmo período de 2013. Este é o pior resultado desde o feriado de 2003, quando o estudo começou a ser feito.

Os números negativos, segundo os economistas da instituição, foram influenciados, entre outros fatores, por juros altos (que encareceram o crediário), inflação elevada e baixo grau de confiança dos consumidores.

Pesquisa semelhante feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) também mostrou queda nas vendas: os varejistas venderam 0,7% menos entre os dias 18 e 24 de dezembro em comparação ao mesmo período de 2013, primeira queda do indicador em cinco anos.

Apenas as liquidações, então, não devem ser suficientes para reaquecer o varejo. De acordo com a Fecomercio-SP, os empresários precisarão investir mais no decorrer do ano para atrair o consumidor por meio de estratégias mais modernas, como monitoramento de consumo, ampliação do leque de produtos e ações de marketing.

“A tendência é que, no primeiro trimestre, as vendas continuem fracas. Apesar dos bons descontos oferecidos pelos estabelecimentos comerciais e do aumento do salário mínimo ainda acima da inflação em janeiro, os ajustes de tarifas como IPTU, transporte público e energia farão com que se reduza o já apertado orçamento das famílias”, disse o assessor econômico do órgão Fabio Pina.

Para lojistas Natal de 2014 foi um dos piores dos últimos anos:
Fonte: Terra
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