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Intercâmbio pé-de-meia perde espaço, afirmam agências

15 ago 2012 - 08h17
(atualizado em 15/10/2012 às 14h06)
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Para obter dinheiro na esperança de melhorar de vida, o brasileiro decide trabalhar no exterior durante alguns meses, a fim de juntar um pé-de-meia. Esse tipo de viagem é bastante conhecido e já foi muito realizado, mas não tem mais espaço no atual cenário econômico, afirmam agências de intercâmbios. Agora, em vez de bancar a estadia, o foco do trabalho temporário é incrementar o currículo e proporcionar novas experiências de vida.

A estudante Natalia Alba trabalhando em um hotel em Naples, na Flórida
A estudante Natalia Alba trabalhando em um hotel em Naples, na Flórida
Foto: Intercultural, Arquivo Pessoal / Divulgação

As razões pelas quais a mudança ocorreu se baseiam no nível de desemprego de regiões que tradicionalmente recebiam brasileiros a trabalho, como Estados Unidos (8,1%) e Irlanda (14,6%) - índices gerados pela organização Eurostat. Ambos os países permitem estudar e ter um emprego ao mesmo tempo. Segundo o operador de viagens da Egali Intercâmbio, Cristiano Martins, o impacto foi ainda mais forte em grandes centros urbanos. "Empregos em cassinos ou resorts na Flórida, na Califórnia e em Nova York, que há cinco anos eram comuns, hoje já não existem mais para os brasileiros", afirma.

Da mesma forma, o salário nas cidades turísticas diminuiu, o que motiva os intercambistas a se dirigir para regiões mais afastadas e sem tanto glamour. De acordo com Martins, no estado de Nova York só há vagas pagando o salário mínimo (US$ 7,25 por hora). Enquanto isso, em Dakota do Norte, perto da fronteira com o Canadá, cidades de no máximo 20 mil habitantes costumam contratar de 500 a 600 brasileiros para jornadas de até 60h, a salários por até US$ 12 por hora.

Os fluxos migratórios também mudaram na Europa. Na Irlanda, é preciso ter paciência, já que o país está atraindo os próprios europeus em busca de trabalho. "O tempo médio de procura antes da crise era de um mês. Hoje, já é de dois", afirma Martins. Para proteger a própria economia, o país passou a exigir uma garantia de 3 mil euros do estudante, a fim de evitar a busca de emprego temporário para subsistência. Na outra via, Martins diz que países como Canadá, Nova Zelândia e Austrália não trazem tantas dificuldades para os intercambistas, visto que suas economias não dependem tanto dos Estados Unidos - a Austrália, por exemplo, mantém alguns acordos comerciais com a China.

Trabalho por experiência ainda tem espaço

Apesar do cenário, a compra de pacotes não diminuiu. A Egali Intercâmbio prevê um aumento de 30% neste ano, graças às facilidades de pagamento e ao crescimento da economia brasileira. A diretora de marketing da Intercultural, Marina Jendiroba, defende que os brasileiros seguem tendo espaço. "Em 2008, os empregadores ficaram muito temerosos de contratar estrangeiros - até por ser politicamente incorreto, já que acreditavam que se deveria usar mão-de-obra nacional. Porém, eles continuaram a contratar, porque viram que os locais onde há empregos de temporada não eram preenchidos por americanos", afirma

Mesmo que os Estados Unidos agora exija do brasileiro um emprego certo antes mesmo de sair do país, ela afirma que o motivo de ainda haver oportunidade são os obstáculos que o próprio cidadão dos EUA enfrenta ao sair de uma cidade onde já está estabelecido há anos, com uma casa e uma família, para viver somente quatro meses em um lugar onde haja emprego de temporada. "Esses trabalhos são sazonais não valem a pena para os próprios americanos", declara.

As funções não são poucas. "Estações de esqui, resorts, parques aquáticos e temáticos estão com sobra. Dá para trabalhar como salva-vidas, operar teleférico, arrumar quartos, organizar mesas ou trabalhar em recepção. As funções são bem variadas e feitas de acordo com o inglês e a experiência prévia do participante", explica o presidente da IE Intercâmbio Patrick Guimarães. Só nos EUA, ele diz, há mais de mil postos durante o ano. E há vagas sobrando.

No entanto, Martins, da Egali, ressalta que vagas cujas bonificações incluam gorjetas já não estão mais acessíveis ao brasileiro. "Esse tipo de emprego só tem em cidades muito pequenas. Nenhum cassino chama para trabalhar no verão deles. Agora é preciso ficar em cozinha, recepção de hotel pequeno ou mesmo como camareiro", aconselha. De qualquer forma, ele defende que está cada vez mais fácil de viajar. "Os EUA, por exemplo, agora vai abrir um consulado em Porto Alegre. Os países estão cada vez mais abertos aos brasileiros", opina.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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