Confira as maiores altas e baixas do Ibovespa no ano
<br/>O Ibovespa - índice com as principais ações negociadas na Bovespa-, no acumulado do ano até agora teve desvalorização de aproximadamente 15%, contudo, alguns papéis conseguem apresentar desempenho melhor. Entre as três maiores alta da Bovespa no período, estão as ações ordinárias das duas principais empresas de cartões de crédito no Brasil, Redecard e Cielo, com variações de cerca de 50% ambas. Em seguida está a ação da Cia. Hering, com alta acumulada de quase 45%.<br /><br />As três empresas têm uma característica em comum, estão ligadas diretamente ao setor de varejo brasileiro. Segundo o gestor de fundos da Lotus e professor de MBA em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Gil Deschatre, o comportamento destas empresas na bolsa é bastante ligado ao que acontece com a economia do País. <br /><br />"(Redecard, Cielo e Hering) são empresas que estão completamente vinculadas ao poder de compra, de vendas, de PIB (Produto Interno Bruto). Isso está finamente demonstrado, como reflexo do momento econômico brasileiro. Não houve tanta perda de emprego, o PIB continua sendo projetado de forma grandiosa", disse ele.<br /><br />Além disso, o fato de terem percorrido um caminho contrário ao do Ibovespa, as duas principais altas são empresas com ações de caráter mais defensivo para o investidor, ou seja, que obtêm ganhos em tempos de baixa do mercado. De acordo com o analista da corretora Socopa Osmar Camilo, as companhias de cartões de crédito têm melhor performance quanto maior o volume negociado, porém, mesmo em momentos mais fracos, mantêm o mesmo ritmo, pois as pessoas não deixam de fazer transações financeiras. <br /><br />Por outro lado, as maiores desvalorizações na bolsa brasileira até o fechamento até agora foram das ações ordinárias da Hypermarcas, B2W (empresa criada pela fusão da Americanas.com e o Submarino), com cerca de 60% ambas, e Marfrig, que com uma recuperação de 16% na pregão de sexta, ainda assim acumula perdas de cerca de 50% no ano.<br /><br />Ao contrário das companhias com maiores valorizações, essas empresas não têm em si uma característica comum de atuação, o que, segundo Deschatre, evidencia que houve problemas de gestão e operacionais internos, que causaram as baixas no mercado, já que o ambiente econômico não levaria a isso.<br /><br />"As baixas, esse pessimismo exagerado, são mais decorrentes de má gestão, isso acontece com todas as empresas do mundo. O mercado ainda está bastante aquecido e isso não deveria ocorrer. Não há razão (externa) atual para determinadas empresas terem um comportamento tão anômalo", disse ele.<br /><br />O analista Camilo lembra que essas companhias com mau desempenho tiveram problemas pontuais, seja com câmbio, planejamento ou até judiciais. "A B2W sofreu impacto por conta do Procon tirar o site do ar, mas já sofria por contar com vários concorrentes e de peso. A Hypermarcas cresceu muito rápido e com muitas aquisições e neste ano tive que enxugar a empresa e reavaliar esta estratégia. O mercado não gostou", declarou.<br /><br />Já a Marfrig, segundo o analista, sofreu por ser uma empresa do setor de frigoríficos, que depende de muito financiamento para operar. Com a baixa do dólar, a dívida fica maior, pois são necessários mais reais para a mesma quantia em dólar.<br /><br />No entanto, até pelas maiores desvalorizações serem oriundas de problemas operacionais e internos das companhias, o panorama muda muito rápido, pois não estão calcados em um contexto externo ou tendências. "São questões momentâneas", argumenta Descharte. "Esses filtros mudam o tempo todo", disse Camilo.