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Austrália controla praga do algodão com variedades genéticas

22 mai 2013 - 07h05
(atualizado às 10h45)
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Na Austrália, o Plano de Manejo de Resistência de Helicoverpa spp orientou o controle da praga do algodão
Na Austrália, o Plano de Manejo de Resistência de Helicoverpa spp orientou o controle da praga do algodão
Foto: Divulgação, ImaMT

A Helicoverpa armigera é apontada pela Embrapa como uma das principais razões para os prejuízos com o algodão no Oeste da Bahia. A fim de aprender mais sobre a praga que tem afetado a produção de cotonicultores brasileiros, pesquisadores do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) visitaram lavouras australianas, nas quais a utilização de variedades genéticas apresentam melhores resultados.

Raramente, utiliza-se inseticida para o combate à Helicoverpa na Austrália. O controle da praga no maior país da Oceania é realizado através do uso de variedades do algodão geneticamente modificado Bollgard II, conforme  revelaram os pesquisadores que participaram da missão. O produto, da segunda geração resistente a insetos, com tecnologia da multinacional Monsanto, foi aprovado em 2009 no Brasil, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.

Segundo Miguel Soria, entomologista do IMAmt, quase todo o cultivo de algodão ocorre dessa forma na Austrália. “Para que a eficiência da tecnologia pudesse ser preservada até hoje, um Plano de Manejo de Resistência de Helicoverpa spp à Bollgard II foi elaborado e seguido à risca pelos produtores, desde o início do cultivo da tecnologia”, explica Soria.

O plano, elaborado pela equipe da pesquisadora Sharon Downes, da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO, espécie de Embrapa australiana), sofre alterações em todas as temporadas. Há quatro operações distintas: uso de refúgio, mandatório e realizado pelos produtores em configurações estabelecidas pela pesquisa; semeadura dentro de uma janela definida de cultivo também estabelecida pela pesquisa; destruição das pupas da praga no solo ao final da safra (refúgios e cultivos);  e monitoramento da resistência de populações da praga às toxinas de Bt (Bacillus thuringiensis) de Bollgard II a cada safra.

Na prática australiana, os inseticidas só são utilizados caso existam pragas sugadoras. Mas as aplicações não podem passar de três. De acordo com Soria, algumas safras ficam mesmo sem aplicação de químicos. 

O plano de manejo elaborado pela CSIRO é dos destaques apontados pelos pesquisadores brasileiros. Conforme o Instituto Mato-grossense do Algodão, a agência de pesquisa australiana utiliza preferencialmente as variedades B2RF e B3, da Monsanto. Esta última tem previsão de lançamento comercial em 2015. 

Outro problema comum nas lavouras australianas de algodão são os fungos de solo, como o Verticillium, Black root rot e murcha de Fusarium. “As medidas de controle são o uso de variedades com resistência genética, o tratamento químico de sementes e a contenção na disseminação desses patógenos”, informa fitopatologista Rafael Galbieri, que assistiu a demonstrações de diferentes linhas de trabalhos durante a visita.

Congresso Brasileiro de Algodão

O consenso entre os brasileiros é de que os australianos estão realmente dispostos a compartilhar seus conhecimentos na área, embora os dois países disputem posição entre os maiores exportadores de pluma do planeta. Por isso, no próximo Congresso Brasileiro de Algodão, entre 3 e 6 de setembro, em Brasília, os pesquisadores que participaram do projeto, Jean Belot, Patrícia Andrade Vilela (melhoristas), Rafael Galbieri (fitopatologista) e Miguel Soria (entomologista), vão apresentar todos os dados coletados na viagem.

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