PUBLICIDADE

Planejamento ajuda empresa a não cair na armadilha da dívida

Erros de gestão são as causas mais comuns de problemas de inadimplência em pequenos e médios negócios

24 set 2014 - 08h00
(atualizado às 08h28)
Compartilhar
Exibir comentários

Pesquisa divulgada recentemente pela Serasa Experian mostra que metade das empresas brasileiras estão com dívidas em atraso, e 91% delas são pequenas e médias. O estudo chama a atenção para um problema recorrente nesse tipo de empreendimento: a dificuldade de gerir receitas e gastos, o que leva ao descontrole das despesas.

Calcule os gastos de sua empresa e procure antecipar possíveis pagamentos para não cair na armadilha das dívidas
Calcule os gastos de sua empresa e procure antecipar possíveis pagamentos para não cair na armadilha das dívidas
Foto: forestpath / Shutterstock

Apesar de muitos empresários acreditarem que o problema é causado pela queda nas vendas, a consultora jurídica Sandra Fiorentini, do Sebrae-SP, explica que, na realidade, a origem desse descontrole está ligada a quatro erros de gestão: definição equivocada de preços de venda de mercadorias, administração incorreta do fluxo de caixa, confusão entre pessoa física e jurídica e acúmulo de estoques parados.

Um erro comum, diz Sandra, é definir o preço de um produto ou serviço de forma arbitrária. Por exemplo, o comerciante que compra uma caneta a R$ 1 não pode simplesmente colocar uma margem de lucro de 200% e vendê-la a R$ 3, nem cobrar R$ 1,75 só porque o concorrente oferece a mesma mercadoria por R$ 1,80. 

A consultora do Sebrae-SP explica que a definição do preço deve levar em conta muitos fatores, como os custos fixos e variáveis da empresa, insumos, eventuais gastos com entregas e embalagens, pró-labore, contribuição do INSS, margem de lucro, etc. “É um erro quando o que se ganha não é o suficiente para pagar as contas”, enfatiza Sandra. Se for importante seguir o preço dos concorrentes para não perder uma venda, a consultora aconselha buscar um fornecedor que venda mais barato, mas “jamais pague para trabalhar”, alerta.

Empresas usam criatividade para combater falta de água

Empreender exige autoconhecimento, dizem especialistas

Novo sistema reduz custos de emissão de notas fiscais

Outro equívoco cometido por vários pequenos empresários é não prestar a devida atenção ao fluxo de caixa. “Alguns pagam as contas com o cartão de crédito, mas não calculam o juros”, diz a consultora. Para evitar problemas no capital de giro, Sandra diz que é preciso tomar cuidado para não acumular grandes estoques. “Mercadoria não pode ficar mais de 45 dias parada. É melhor estoques menores e giro mais rápido. Uma empresa com R$ 100 mil em mercadorias, mas que não tem R$ 2 mil para pagar as contas, está em uma situação problemática”.

E se errar nos assuntos internos da empresa é ruim, pior ainda é misturar a atividade profissional com a vida privada, ou seja, confundir pessoa física e jurídica. Nunca use o dinheiro da empresa para pagar contas particulares, pois uma hora este dinheiro vai fazer falta no negócio. “Muitas vezes, o empresário não tira seu pró-labore”, diz Sandra, mas quem trabalha somente na empresa tem de pagar um salário para si mesmo. 

Além de não misturar pessoa física e pessoa jurídica, é fundamental não cair na tentação de querer fazer tudo no negócio. “Muitas pequenas e médias empresas não são departamentalizadas. Como o dono faz tudo, ele não consegue fazer tudo bem”, diz Sandra. Segundo ela, esse “complexo de polvo” pode levar ao endividamento, pois a gestão pode sair do controle. 

Saindo do vermelho

Todas essas são medidas que ajudam a evitar que uma empresa se torne inadimplente, mas quem já está no vermelho precisa descobrir onde está ocorrendo o “vazamento” de dinheiro para poder fechar a “torneira”. “Busque saber qual é a causa de não conseguir honrar os compromissos. Identifique qual é o problema que começou lá atrás”.  

Uma fonte comum de endividamento são os empréstimos. Por isso é fundamental pesar bem se vale a pena recorrer aos bancos. Sandra enfatiza que dinheiro tem custo financeiro. “Pegue empréstimos só para capital de giro ou para ampliar a empresa. O crédito tem de trazer mais dinheiro. Evite antecipar fatura de cartão, empréstimos. Estabeleça um valor como assalariado de si mesmo”, aconselha a especialista.

Outras medidas importantes: fique atento ao fluxo de caixa e tenha controle das vendas. “Pergunte-se: o que eu tenho de pagar e receber no dia a dia?”, relembra Sandra. Ou seja, veja quais são os dias que precisa de mais caixa e tente negociar com seus fornecedores essas datas e negocie prazos de pagamento. 

Por fim, jamais confunda lucro com pró-labore. Faça uma previsão de antecipação de resultados e saiba o que quer fazer com eles: dividir entre os sócios ou investir na própria empresa. 

Fonte: Primapagina
Compartilhar
Publicidade
Publicidade