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Trabalho em cruzeiro: ganhe dinheiro enquanto aprende inglês

14 nov 2012 - 07h32
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"Por aventura mesmo". Foi este o motivo principal que levou Regiane Vieira a embarcar em um navio para trabalhar como camareira. Além dessa motivação, outros jovens também vêem no trabalho em cruzeiros a possibilidade de melhorar suas habilidades em um idioma estrangeiro. Mas a principal razão que leva jovens e adultos a bordo de navios de companhias estrangeiras é o bom pagamento pelo serviço prestado.

Salários em navios são principal atrativo para quem quer trabalhar em cruzeiros
Salários em navios são principal atrativo para quem quer trabalhar em cruzeiros
Foto: Getty Images


Para Regiane, porém, conhecer o mundo foi a motivação, já que o salário que ganhava no Brasil como recepcionista de hotel era maior do que o que receberia no navio. Depois de decidir viajar, ela começou seu treinamento no Centro de Capacitação em Turismo e Hotelaria Work on Board (CECETH), onde hoje trabalha no setor de Recursos Humanos e no recrutamento de interessados em fazer o mesmo que ela fez há alguns anos.



Apesar de já ter experiência na área de hotelaria, o que é solicitado na seleção, Regiane precisou fazer um curso sobre o funcionamento do trabalho no navio e de segurança a bordo. Ao final do último, com duração de quatro dias, a futura tripulante recebeu o certificado STCW, documento exigido pela Organização das Nações Unidas (ONU), de uma regulamentação internacional chamada de International Convention on Standards of Training, Certification and Watchkeeping for Seafarers.



O diretor financeiro da CECETH, Arthur M. Schuartz, explica que as companhias normalmente exigem que o candidato tenha experiência em hotéis cinco estrelas ou na função que pretende exercer. No caso de os interessados não serem capacitados, podem fazer cursos que os ajudem a aprender a profissão, como os oferecidos pelo centro. Schuartz explica que, na primeira fase do preparo, é feito um trabalho de formação neurolinguística, na qual os candidatos aprendem a lidar com preconceito, bullying e outras dificuldades que eles podem enfrentar na viagem. Depois disso, começam as orientações profissionais.



A New Crew Consulting também organiza cursos para formação de bartenders, garçons e camareiros e de inglês direcionado para o trabalho no navio. O psicólogo da empresa, Mario Gontzos, afirma, entretanto, que antes dos candidatos seguirem para as capacitações, os interessados assistem a uma palestra, esclarecendo o funcionamento do trabalho no navio e o que será exigido deles. Gontzos lembra que, neste momento, muitos interessados desmitificam a ideia de que irão apenas viajar durante seu período no cruzeiro. "Por isso, a gente faz essa palestra mais informativa. Eles vão trabalhar bastante lá, uma média de 12 horas por dia ou mais", afirma.



Os tripulantes têm horários de descanso, mas não recebem um dia de folga. Entre uma parada e outro nos portos da América Latina e da Europa, camareiras, bartenders, garçons, lavadores de pratos e outros funcionários podem descer para apreciar as atrações que as cidades têm a oferecer. "Tem um break, de cinco ou seis horas. Então o navio para, a gente sai. Isso várias vezes, em todas as cidades. Também tinha overnight, quando o navio ficava parado a noite inteira", lembra Regiane. Ela afirma que, ao todo, conheceu 25 países. Contudo, Gontzos explica que nem sempre os passeios são possíveis: "Dependendo do trabalho que a pessoa fizer, pode ser que não consiga sair. Ela pode ter que ficar cozinhando ou fazendo as camas", ressalta o psicólogo.



Fator financeiro é o mais forte, diz psicólogo

Apesar de a possibilidade de conhecer várias cidades ser um grande atrativo, o psicológo da New Crew Consulting observa que o motivo principal que leva recém formados, profissionais com dificuldade de conseguir emprego e outras pessoas a procurarem o trabalho em cruzeiros é o fator financeiro. Gontzos afirma que um lavador de pratos, um cargo mais simples, ganha cerca de US$ 690. Já uma camareira com bom desempenho pode ganhar por mês até US$ 2 mil, incluindo gorgetas dos viajantes.

Schuartz, da CECETH, afirma que o salário base no primeiro contrato é de US$ 1,1 mil. Ele exemplifica que uma recepcionista com conhecimento intermediário ou avançado de inglês e outra língua, como alemão, francês ou espanhol, pode ganhar US$ 1,5 mil. Se o contrato for renovado, o tripulante pode receber uma promoção, conforme a avaliação feita por seus chefes e pelos viajantes, e ganhar um aumento. Vale lembrar que a preparação exige um investimento entre R$ 1,3 mil a R$ 1,8 mil. "Praticamente o primeiro salário no navio", observa Gontzos. Além disso, o candidato precisa apresentar passaporte e alguns exames médicos e vacinas, como a contra febre amarela.

Conhecimento fluente de inglês não é uma exigência geral. Em empresas como a Work at Sea, que também faz o contato entre tripulantes e companhias de cruzeiros, pode estar entre os pré-requisitos. Regiane tinha conhecimentos básicos de inglês antes de viajar. Durante os dois anos que passou viajando, afirma que aperfeiçoou seu inglês e aprendeu italiano, já que a companhia promotora dos cruzeiros, a Sette Mari, é da Itália. Tanto do lado pessoal como profissional, a profissional da CECETH acredita que a experiência valeu a pena. "Eu acho que todo mundo deveria fazer uma loucura dessas", brinca.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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