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Saiba quais aplicações ganham e quais perdem com a Selic em baixa

15 mar 2012 - 17h47
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou, em sua última reunião, pela quinta vez a taxa básica de juros (Selic), desta vez em 0,75 ponto percentual, para 9,75% ao ano. E, segundo o Boletim Focus do BC, a tendência deve continuar, com a taxa terminando o ano em 9%.

Com a alta ou baixa da Selic, os diferentes tipos de investimentos passam a ter mais ou menos atratividade, já que a taxa básica é o norte de todas as taxas de juros praticadas no País.

Os títulos do Tesouro Direto, por exemplo, são diretamente influenciados pela Selic, enquanto a poupança ganha ou perde atratividade, com a menor ou maior rentabilidade de outros tipos de investimento. Confira a seguir a perspectiva de alguns tipos de aplicação neste cenário de Selic em queda.

Poupança

A poupança não sofre diretamente influência da Selic. Mas quando comparada com outras formas de investimento pode se tornar mais rentável ao aplicador. Segundo o vice-presidente da Associação Nacional de Executivo de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, a forma mais popular de investimento tem rendimento de 6% ao ano maisa taxa referencial (TR), que pode variar, mas ronda sempre 0,1% ao mês.

Com essa remuneração, e atual taxa básica de juros, a poupança fica ainda mais atrativa, já que os fundos, por exemplo, além de seguirem a remuneração da taxa básica, têm incidência de Imposto de Renda e taxa de administração.

"Hoje a poupança já ganha da maioria dos fundos de renda fixa. Quando a Selic estiver em 9% vai ganhar de todos os fundos", disse Oliveira, que lembra que a taxa de administração deve sempre ser observada pelo investidor. "A poupança hoje só perde para (fundos com) taxa de administração de 1,5% ao ano para baixo", afirmou.

Fundos

Já no caso dos fundos, a situação é a inversa. Além de sofrerem incidência do Imposto de Renda e terem taxa de administração, ainda perdem rentabilidade por muitos deles estarem atrelados à Selic, que vem caindo. Se no cenário atual a poupança vale a pena comparada a fundos com taxas de administração superiores a 1,5% ao ano, eles, então, só são mais rentáveis com taxas abaixo desse patamar, disse o vice-presidente da Anefac.

"O ideal é que se escolha os fundos pré-fixados, porque à medida que a Selic cai, ele mantém (o rendimento acordado antes da queda da Selic)", aconselhou Oliveira.

Títulos do Tesouro

Os títulos do Tesouro têm a rentabilidade diretamente ligada ao comportamento da taxa básica de juros, de acordo o tipo de título. Os pós-fixados, por exemplo, remuneram diferente ao longo do tempo de vigência do título, adequando-se ao valor da Selic.

Já os pré-fixados, embora remunerem de acordo com a taxa definida pelo Copom, mantêm o rendimento até o vencimento do título, desde que o investidor não o venda antes do prazo acertado. Nesse caso, eles se tornam mais atraentes com a tendência de queda do juro.

Segundo Miguel Oliveira, as vantagens dessa forma de investimento estão no fato de se fugir das altas taxas de administração, conseguiraplicar com pequenas quantias (acima de R$ 200) e ter a opção de escolher os pré-fixados, que são blindados contra quedas da Selic. No entanto, "você tem um prazo de resgate mais demorado, é mais burocrático", disse ele.

Ações

No caso das ações, o ideal é sempre pensar no longo prazo. Em tempos de menor rentabilidade dos investimentos em geral, por conta da redução da Selic, as ações ficam mais atrativas, pois podem oferecer maiores rendimentos em relação à média das outras aplicações.

"Para quem não quer correr riscos, não é uma boa. Uma ação que custa R$ 1 mil pode valer R$ 500 no dia seguinte, ou R$ 2 mil. O importante é pensar sempre no longo prazo", disse Oliveira.

Dólar

A aplicação no câmbio necessita de uma observação maior do panorama econômico atual no País que, além da queda da taxa Selic, conta com o governo atuando para não deixar o real tão valorizado a ponto de prejudicar a indústria, que perde competitividade no exterior.

Segundo o vice-presidente da Anefac, exatamente por conta dessa atuação governamental, a perspectiva no curto prazo para o dólar é de valorização. Contudo, ele lembra que por mais que a Selic caia, ela continua como uma das maiores taxas de juros do mundo, o que atrai o capital externo para o País e colabora para a valorização da moeda local, ainda mais em um momento de grande volume de recursos no mercado internacional.

Por esse motivo, ele aconselha aplicar no câmbio apenas quem tem dívida em dólar ou fará uma viagem para o exterior, e quer aproveitar a moeda mais barato.

Títulos imobiliários

A vantagem dos títulos imobiliários está no fato de eles estarem lastreados, não em taxas de juros, como a Selic, mas em hipotecas e valorização imobiliária, ou ainda, no caso dos shoppings, o rendimento advém do aluguel das lojas e estacionamento. Dessa forma, a atratividade é maior nesta forma de aplicação no cenário atual.

"As aplicações têm taxas de juros mais altas, de 0,80% a 1% ao mês, é uma boa alternativa. Normalmente, têm juros maiores que na renda fixa", avalia Oliveira. No entanto, ele lembra que a baixa liquidez desta modalidade faz com o investidor tenha sempre que pensar no longo prazo.

Aplicações em imóveis

A aplicação em imóveis é apontada pelo consultor de finanças pessoais e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Jurandir Sell Macedo, como uma das mais perigosas. Mesmo que esse tipo de investimento ganhe atratividade natural com a queda da Selic, já que não há relação direta com a taxa e, assim, o investidor pode ter mais rentabilidade, o setor já está valorizado no Brasil, sobretudo nos grandes centros.

"Os preços (dos imóveis) não sobem para sempre. Não que eles vão cair, mas não sobem sempre. Muitos imóveis sobem menos que a Selic. Se você gosta muito de imóveis, compra um título imobiliário", argumentou Macedo, lembrando ainda que imóvel também sofre depreciação.

Fundos de Previdência

Os fundos de previdência, na avaliação de Jurandir Macedo, são interessantes, à medida que "obrigam" o investidor a pensar no longo e prazo e, mais que isso, levam a pessoa a fazer investimentos constantes, embora a queda da Selic diminua, por consequência, a rentabilidade da aplicação.

"Nós vivemos um período extremamente longo de juros muito elevados e de grandes oportunidades (de rendimento). Porém, hoje a economia está bastante estável, reduzem-se as possiblidade de rentabilidade elevada. Então as pessoas precisam se preparar para poupar valores maiores, ou terão que atrasar a aposentadoria", disse Macedo.

Ouro

A aplicação em ouro só se justifica em momentos de grandes incertezas no mundo, e tem mais um caráter de preservar o patrimônio do que valorizá-lo. Mesmo assim, os bancos cobram uma quantia para armazená-lo para os investidores, e aqueles que preferem guardar emcasa, correm o risco de assaltos, segundo Macedo.

No cenário atual em que não há um cenário de crise extrema que justifique a aplicação em ouro, e levando em conta os riscos e custos dessa modalidade, o professor diz que é preferível procurar outras formas de investimento. "Mesmo que venha uma grande crise, o custo é muito grande para você se preparar. Não vejo sentido em aplicar em ouro", afirmou o consultor de finanças pessoais.

Fonte: Terra
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