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"Roubo do século" ameaça quebrar economia de um país inteiro

Três bancos da Moldávia relataram dívidas de R$ 3 bilhões resultantes de empréstimos a destinatários obscuros

14 mai 2015 - 05h54
(atualizado às 11h39)
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Dinheiro desapareceu dos bancos poucos dias antes das eleições de novembro passado
Dinheiro desapareceu dos bancos poucos dias antes das eleições de novembro passado
Foto: Thinkstock

Os cidadãos da Moldávia foram alertados pelos jornais recentemente de que 12% do Produto Interno Bruto do país simplesmente desapareceram - e que a pequena nação, espremida entre a Romênia e a Ucrânia, estava sob o risco de quebrar.

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Informações vazadas pelo Banco Central e por uma consultoria revelaram um buraco de US$ 1 bilhão (R$ 3 bilhões) em três das maiores instituições financeiras do país, o que muitos no país chamaram de "o roubo do século".

O desaparecimento do dinheiro foi notado poucos dias antes das eleições para o Legislativo, em 30 de novembro de 2014, quando três bancos declararam dívidas que, somadas, resultam neste montante.

As dívidas resultam de misteriosos empréstimos concedidos a obscuros destinatários, e ninguém sabe ao certo onde o dinheiro foi parar.

Para evitar a fuga de capitais ou a quebra das instituições envolvidas - Banca de Economii, Unibank e Banca Sociala -, o Estado se viu obrigado a regatá-las, injetando nelas US$ 870 milhões.

Mas como puderam ser concedidos estes supostos empréstimos?

A trama

Aqui entra a figura de um dos grandes empresários do país, Ilan Shor, de apenas 28 anos, que está sob prisão domiciliar, segundo a imprensa da Moldávia.

A consultoria Kroll diz que o grupo empresarial de Shor seria "um dos beneficiados, se não o único" da movimentação bancária ocorrida nos dias cruciais do escândalo.

A Kroll relatou que, entre 2012 e 2014, o empresário e outros acusados adquiriram o controle sobre as três entidades financeiras.

Logo em seguida, começaram os empréstimos ao grupo Shor. Em outras palavras, segundo a Kroll, o empresário começou a emprestar dinheiro a si mesmo e a seus negócios.

Os empréstimos recebidos pelas empresas aumentaram 150% em seis meses só no caso do Unibank, por exemplo.

Em novembro de 2014, foram feitos os empréstimos de US$ 1 bilhão que acabaram em destinos desconhecidos, provavelmente em paraísos fiscais.

Empresário Ilan Schor está em prisão domiciliar após suspeita de ter montado esquema
Empresário Ilan Schor está em prisão domiciliar após suspeita de ter montado esquema
Foto: Wikipedia

A investigação

No entanto, não será fácil localizar o dinheiro, porque os registros de muitas transações foram eliminados dos sistemas de computador e de arquivos físicos de documentos dos bancos de forma "suspeita", diz o relatório da Kroll.

Agora, a economia do país está abalada. Sua dívida após o resgate do governo aumentou para US$ 1,7 bilhão; sua moeda se desvalorizou 42% desde novembro.

Além disso, a Rússia tinha imposto um embargo a produtos agroalimentares do país, o que, junto com o buraco deixado pelo sumiço do dinheiro, fará seu PIB cair 1% em 2015, depois de ter crescido mais de 4% em 2014.

E não há expectativa de que o dinheiro será recuperado. "Certamente não 100%", disse o presidente da associação de banqueiros da Moldávia, Dumitru Ursu, à agência AFP. "O que faltar constará como dívida pública."

Há uma semana, 40 mil pessoas realizaram um protesto na capital, Chisinau, pedindo novas eleições e que os protagonistas do golpe bancário sejam presos.

A dimensão do escândalo em um país de 4 milhões de habitantes foi bem resumida pelo representante da União Europeia na Moldávia, Pirkka Tapiol:

"É inexplicável! Como podem roubar uma soma tão grande de um país tão pequeno?"

Grécia deve pagar 750 milhões ao FMI:
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