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Reunião do governo sobre Delcídio dita ritmo do Ibovespa

Novidades do cenário político centralizam atenção dos investidores domésticos e o Ibovespa vai se aproximando de 4ª alta consecutiva

3 mar 2016 - 13h58
(atualizado às 14h00)
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Novidades do cenário político estão centralizando a atenção dos investidores domésticos e o Ibovespa vai se aproximando de registrar sua quarta alta consecutiva nesta quinta-feira (3).

Após vazamento de depoimento de Delcídio, Dilma convoca reunião e expectativa por mudanças anima investidores
Após vazamento de depoimento de Delcídio, Dilma convoca reunião e expectativa por mudanças anima investidores
Foto: Fliclr/Caliel Costa / O Financista

Após a cerimônia que deu posse aos novos ministros da Justiça, AGU (Advocacia-Geral da União) e CGU (Controladoria-Geral da União), a presidente Dilma Rousseff convocou reunião de emergência no Palácio do Planalto para discutir o depoimento do senador Delcídio do Amaral, segundo informações da Folha de S.Paulo.

De acordo com Aldo Moniz, analista da Um Investimentos, “o imediatismo da convocação da reunião pode sinalizar que algumas verdades foram ditas por Delcídio e que o governo precisa preparar uma boa defesa para evitar novas turbulências.”

Segundo reportagem veiculada pela revista IstoÉ, um depoimento de Delcídio à PF (Polícia Federal) antes de deixar a prisão em fevereiro deve colocar a presidente Dilma Rousseff em maus lençóis e pode comprometer a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Delcídio relatou às autoridades que Dilma nomeou o desembargador Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) por que ele teria se comprometido a votar pela soltura de empreiteiros denunciados pela Lava Jato. De acordo com a publicação, ele "cuidaria dos habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ.”

Delcídio teria ficado, segundo a revista, responsável por conversar com Navarro para que ele se comprometesse a votar pela soltura de Marcelo Odebrecht, presidente afastado do Grupo Odebrecht, e do empreteiro Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez. No STJ, o desembargador votou a favor da soltura dos empresários, mas foi vencido.

Além disso, à PF, o senador teria dito que Lula tinha pleno conhecimento do esquema de corrupção dentro da Petrobras e teria agido direta e pessoalmente para barrar as investigações. Em depoimento, Delcídio teria afirmado que o ex-presidente teria sido o mandante da oferta de uma mesada de R$ 50 mil para Nestor Ceveró, ex-diretor da Petrobras, para que ele não celebrasse um acordo de delação premiada.

Mais uma vez, o Ibovespa ignora o pessimismo externo e se mantém em terreno positivo, “sendo sustentado pela expectativa de que o noticiário aumentará as possibilidades de mudanças no governo.”

Além do Ibovespa, essas expectativas acabam por atribuir tom positivo aos papéis da Petrobras e do Banco do Brasil.

Na agenda econômica, em 2015, a atividade econômica brasileira encolheu 3,80%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado é o pior desde 1990, quando a economia havia encolhido 4,35% e a maior da nova série histórica do IBGE iniciada em 1996.

Os agentes locais assimilam também a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que decidiu manter a taxa Selic em 14,25% ao ano, sem unanimidade. A falta de consenso, com dois diretores ainda votando pela alta do juro, contradiz as apostas que se firmaram no mercado de juros esta semana de que um ciclo de corte da Selic comece ainda este ano. O placar dividido diminui a chance de queda da Selic no curto prazo, mas alguns economistas ainda veem possibilidade de corte antes do Natal.

Por volta das 13h26, o Ibovespa subia 1,94%, a 45.764 pontos. As ações da Petrobras (PETR4) e do Banco do Brasil (BBAS3) sobem 9,38% e 7,55%, respectivamente. Os papéis de outros bancos também sobem, como o Itaú Unibanco (ITUB4), que avança 3,60%. Os ativos da Vale (VALE5) avançam 1,70%.

Câmbio

O dólar tem forte queda com a avaliação dos agentes de mercado de que as denúncias de Delcídio envolvendo Dilma Rousseff aumente as chances de um impeachment da presidente. A moeda americana à vista tinha queda de 1,74%, cotado a R$ 3,8301, após ter descido à mínima de R$ 3,8282 nesta manhã.

Juros

A decisão sobre a Selic, queda histórica do PIB e delação do senador Delcídio do Amaral concentram as atenções dos investidores no mercado de juros futuros.

As taxas com vencimento no curto e médio prazo sobem em um movimento de ajuste após os agentes de mercado terem precificado ao longo da semana alguma sinalização do Banco Central de que começaria a cortar a Selic em breve.

Todos os olhos se voltaram para o comunicado do Copom e para o placar da decisão. O intuito era buscar pistas sobre quando a autoridade vai começar as cortar os juros.  

A falta de consenso entre os membros do Comitê, com dois diretores ainda votando pela alta do juro, contradiz as apostas que se firmaram no mercado de juros nesta semana de que um ciclo de corte da Selic comece ainda em 2016. O placar dividido diminui a chance de queda da Selic no curto prazo, mas alguns economistas ainda veem possibilidade de corte antes do Natal.

“Alguns do mercado já esperavam votação unânime e as pessoas podiam pensar em corte da taxa em abril. Hoje eles fecharam essa porta”, avalia Carlos Kawall, economista-chefe do banco Safra. Ele não descarta, porém, um corte na Selic ainda neste ano.

Tatiana Pinheiro, economista do Santander, avalia que apesar do dissenso, o fato de o BC continuar colocando como relevante as incertezas domésticas – notadamente a questão da atividade econômica – reforça o viés de que o próximo passo da autoridade monetária será de um ciclo de corte dos juros, o que deverá começar no segundo semestre deste ano. 

Neste contexto, a taxa de juros negociada na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) com vencimento em janeiro de 2017 tinha alta de 14,05%, no fechamento do último pregão, para 14,08%. O contrato do juro para janeiro de 2018 avançava de 14,32% para 14,39%. No longo prazo, a taxa para janeiro de 2022 recuava de 15,37% para 15,25%.

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