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Reforma do FMI está "do jeito que queremos", diz Mantega

21 abr 2012 - 11h39
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse neste sábado que o compromisso com reformas expressado na sexta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) está "do jeito que nós queremos". Entretanto, repetiu que nem por isso vai anunciar agora qual será a contribuição financeira do Brasil para elevar a blindagem do Fundo - condicionada a reformas para dar mais voz aos emergentes no órgão.

"(A reforma) está do jeito que nós queremos. Não falta nada", disse o ministro a jornalistas antes de reuniões da instituição neste sábado, em Washington, referindo-se à declaração final do FMI que contém uma clara mensagem de comprometimento com as mudanças reivindicadas pelos emergentes.

O FMI anunciou na sexta-feira que levantou mais de US$ 430 bilhões junto a seus membros - US$ 362 bilhões principalmente do Japão e dos países europeus. Mas os Bric - Brasil, Rússia, Índia e China, que estão se articulando para condicionar o aporte às reformas - não divulgaram valores exatos. A contribuição do grupo está dentro de uma cifra geral de cerca de US$ 72 bilhões que deverá incluir também a participação de alguns países asiáticos.

Valor geral

Mantega disse que os US$ 430 bilhões são "um valor global como qual todos concordamos - os Bric também". Mas ele ironizou o cálculo do FMI de que vai receber US$ 72 bilhões dos países que ainda não anunciaram seu valor. "Isso é muito curioso. Deve ser matemática transcedental. Vai ver que tem uma bola de cristal em que eles adivinham", disse Mantega. A cifra exata dos Bric, incluindo a do Brasil, só será anunciada dentro de dois meses, antes da reunião do G20 (o grupo das principais economias emergentes e avançadas), no México em junho.

Mantega disse que a estratégia de demora é porque "as nossas demandas podem ser melhores atendidas" se o grupo só anunciar seus recursos mais para frente. O ministrotem dito que as reformas dentro do FMI ainda precisam ser aprovadas no Legislativo de um quinto dos países, algo que tem de ser feito até outubro. "Alguns países colocam obstáculos para as reformas e nós queremos remover esses obstáculos. É muito cômodo para os países europeus receber ajuda e não fazer a reforma", disse Mantega.

Para ele, os prazos para o anúncio dos Bric e para a finalização das reformas são "a favor deles (os países que não aprovaram as reformas)". "Eles querem que a gente declare antes o valor (do aporte), mas só em outubro tem uma etapa da reforma, depois tem outra em janeiro."

Além desses fatores, lembrou, alguns países emergentes precisam negociar seu aporte ao FMI "dentro da comunidade política" respectiva. "Para um país emergente, que em geral é mais pobre que um país avançado, você colocar dinheiro que vai acabar beneficiando um país rico, mais avançado, sempre causa dificuldades. Você tem de se explicar."

Bric

Na sexta-feira, houve sinais de que a estratégia dos Bric não estava bem costurada, depois que um vice-ministro russo declarou um suposto valor da contribuição de seu país (pelo menos US$ 10 bilhões) e entre rumores de que a China também tinha comunicado seu número ao FMI. "Eu posso dizer o seguinte, a China não declarou nenhum valor, o Brasil não declarou nenhum valor; a Rússia tinha declarado um valor, mas voltou (atrás)", disse Mantega. "O ministro (russo) não estava aí quando (o valor) tinha sido declarado. Ontem eu falei diretamente com o ministro - embora ele fale só russo."

O ministro brasileiro contou que se reuniu com seus colegas na reunião do grupo e minutos antes de uma sessão sobre o fortalecimento das instituições multilaterais. "Ficou muito clara a nossa posição de que não iríamos declinar o nosso valor agora. Estamos de acordo com o fortalecimento (do caixa do FMI), vamos ajudar a atingir a cifra (de US$ 430 bilhões). Porém não tem valor mínimo", disse Mantega.

Ele negouque haja referências para fazer o cálculo do aporte dos Bric - considerando que os quatro países colaboraram, juntos, com US$ 80 bilhões em outra rodada de aportes em 2009. "Cada um usa a referência que quiser. Alguns usam a referência das participações acionárias atuais, das cotas atuais", desconversou. "Nós não declaramos nenhum valor."

BBC Brasil

FMI levantou mais de US$ 430 bilhões com membros
FMI levantou mais de US$ 430 bilhões com membros
Foto: AP
Fonte: BBC Brasil
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