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Prisão de André Esteves: as empresas do BTG que podem sofrer

25 nov 2015 - 21h20
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Suspense: na dúvida, mercado puniu empresas controladas pelo BTG, como a BR Properties
Suspense: na dúvida, mercado puniu empresas controladas pelo BTG, como a BR Properties
Foto: BR Properties/Divulgação / O Financista

A prisão de André Esteves, fundador do BTG Pactual, não continuará repercutindo apenas no âmbito da Operação Lava Jato. No campo dos negócios, o impacto ainda está para ser conhecido. Isto porque, o banco controla várias empresas, seja diretamente, ou por meio de seus fundos de investimento, e algumas se encontram em reestruturação.

Um dos negócios mais complicados do BTG Pactual é BR Pharma, que possui diversas redes de farmácias. A instituição entrou no setor em 2009, com aquisições de redes locais, que passaram a compor o portfólio da BR Pharma. O objetivo do banco era criar uma grande varejista de medicamentos.

A avaliação, porém, é que os executivos que assumiram o negócio cometeram uma série de erros na sua condução, como na gestão de estoques, já que os remédios têm prazo de validade e não adianta comprar em quantidade, para aproveitar eventuais ganhos de escala e descontos.

Neste mês, a companhia iniciou mais uma reestruturação. O primeiro passo foi a venda de uma das redes, a Mais Econômica, por R$ 44 milhões para a Verti Capital. Mas a medida mais esperada é uma injeção de capital entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões, a fim de dar mais tranquilidade para que ela renegocie suas dívidas.

Embora o BTG Pactual já tenha nomeado um presidente-executivo interino, Persio Arida, enquanto Esteves está preso, a reação do mercado mostra as dúvidas quanto à continuidade da reestruturação e do aporte de recursos. As ações da BR Pharma (BPHA3) despencaram 10,25% no pregão desta quarta-feira (25).

À espera de dinheiro

Outra empresa acompanhada de perto pelo BTG Pactual, e que também foi punida na Bolsa, é a BR Properties. Suas ações (BRPR3) caíram 3,72%, para R$ 10,60. A incorporadora ganha a vida administrando uma carteira de imóveis comerciais avaliada em R$ 10 bilhões. O problema é que o setor imobiliário é um dos que mais sentem a crise econômica e o número de escritórios vagos cresceu.

A tradução em números é clara: no acumulado até setembro, a receita líquida caiu 16% sobre o mesmo período do ano passado, para R$ 547 milhões, com um prejuízo de R$ 412 milhões. Na comparação, o lucro foi de R$ 350 milhões. Além das perdas contábeis, a companhia também está queimando caixa. A BR Properties fechou setembro com caixa de R$ 375 milhões – uma queda de R$ 220 milhões em relação ao início do trimestre. Para sustentar as operações, a companhia está vendendo ativos. Em agosto, por exemplo, foram R$ 2 bilhões em unidades localizadas em São Paulo e Rio de Janeiro para a Brookfield, que divide o controle da incorporadora com o BTG Pactual.

Há tempos, o BTG Pactual e a Brookfield tentam concluir uma operação de capitalização da companhia, por meio de uma oferta pública de aquisição de ações de fechamento de capital. No fim, o mercado estima que o BTG injete R$ 1 bilhão na BR Properties. O andamento, porém, enfrenta a resistência de minoritários, que reclamam do preço proposto para os papéis. Agora, a prisão de Esteves é um fator que pode complicar ainda mais a reestruturação.

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