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Por que todo mundo está falando de calote do Brasil?

24 fev 2016 - 09h53
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Dívida explosiva: sem crescimento econômico e poupança para pagar juros, trajetória da dívida pública é insustentável
Dívida explosiva: sem crescimento econômico e poupança para pagar juros, trajetória da dívida pública é insustentável
Foto: Pixabay / O Financista

Parece que do dia para a noite a expressão “a trajetória da dívida pública” virou a estrela do noticiário econômico brasileiro. Só se fala na relação entre dívida e PIB, déficit fiscal, superávit primário, contingenciamento de gastos públicos e expressões tão ou mais complicadas que essas.

O assunto é importante por que estamos falando das contas do governo, que, como qualquer empresa ou cidadão, pode falir e deixar uma montanha de dívida na praça sem pagar. O tema entrou em pauta por que o crescimento acelerado dessa dívida, que é cara porque paga juros altos, se mostra insustentável segundo as contas de especialistas.

E se o governo não fizer nada, a falência será inevitável. “A questão é que agora todas as variáveis do cálculo da dívida estão na direção errada. E ninguém está vendo como o governo vai controlar o crescimento dessa dívida”, diz Raul Velloso, especialista em dívida pública.

Quem começou a falar desse risco foram economistas e investidores locais, mas agora o assunto começa a ser tratado em outros idiomas. Hoje foi a vez do banco norte-americano Goldman Sachs tocar no assunto.

Após visitar o país na semana passada, o economista sênior do banco, Alberto Ramos, se deu conta de que "há uma percepção crescente entre investidores e analistas de que o Brasil está em uma trajetória que pode eventualmente levar a uma insolvência fiscal no médio prazo”, escreveu em relatório.

O sinal de alerta foi soado por nomes de peso, como a consultoria de investimentos Empiricus, o lendário gestor de títulos de renda fixa global Bill Gross e o prestigiado gestor de recursos brasileiro Luis Stuhlberger, do Fundo Verde.  Com diferentes tons, todos concordam que a atual trajetória da dívida pública caminha para um cenário explosivo.

Isso não significa que o governo vai dar calote, diz o economista e especialista em contas públicas Mansueto Almeida. “Muito antes do governo cogitar calote, ele vai encurtar [o vencimento da] dívida pública”, explica. Segundo ele, o cenário-base do mercado é que o governo vai fazer alguma coisa para que isso não aconteça. “Não há a alternativa de não fazer nada, senão consolida esse cenário.”

Para o lado errado

Há pouco mais de um ano, o mercado esperava que a economia fosse crescer – ninguém falava em dois anos de profunda recessão – e que o governo iria conseguir poupar dinheiro, ainda que pouco, para pagar os juros da sua dívida, de forma que ela se mantivesse dentro de um nível sustentável. “Isso tudo mudou. Tivemos déficit fiscal no ano passado, espera-se que tenhamos também neste ano e talvez até o fim do governo Dilma”, diz Mansueto.

Diante desse cenário, o mercado fez as contas e chegou à conclusão de que a relação entre a dívida pública e o PIB vai chegar a 80% em 2018 – há quem projete até 90%. Seria o equivalente a você ter 80% de seu salário comprometido com dívidas.

“Em junho do ano passado, se esperava que essa relação chegasse a no máximo 70% em 2018”, lembra Mansueto. Segundo ele, para que a dívida parasse de crescer o governo teria que economizar (fazer o tal do superávit primário) de 3% a 3,5% do PIB em 2018.

“As pessoas vão vendo, durante um certo tempo, todas as variáveis apontando para o lado errado e aí gera essa percepção de que a dívida vai subir de forma permanente”, diz Velloso.

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