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Para Monti, Itália está em situação melhor que a Espanha

5 jan 2012 - 08h36
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O chefe do Governo italiano, Mario Monti, considerou nesta quinta-feira que a Itália, pelo nível de seu déficit, está "melhor situada que a Espanha", mas reconheceu que o nível da dívida do país é "historicamente mais elevado". Monti declarou em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal francês Le Figaro que a "Europa já não tem razões para ter medo da Itália" pelo estado de suas contas públicas, mas aproveitou para criticar Silvio Berlusconi.

"O governo precedente não quis admitir a gravidade da crise e deixou de lado as políticas de liberalização que teriam solucionado essa carência", disse Monti, que se reunirá na sexta-feira em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy. "Entre junho e julho, as agências (de qualificação de dívida) lançaram advertências que abriram a via aos ataques dos mercados. No entanto, a Itália está melhor colocada que a Espanha com relação ao seu déficit", explicou Monti. E isso, acrescentou, "apesar de sua dívida ser historicamente mais elevada".

Monti voltou a fazer comparações com seu país, ao dizer que a "Itália não experimentou o ''boom'' imobiliário da Espanha ou o grande ''boom'' financeiro da Irlanda, que acabaram sendo desastrosos". As famílias italianas têm uma taxa de poupança real muito elevada, recorrem pouco ao endividamento", defendeu Monti ao caracterizar a economia de seu país, cujo setor bancário "se manteve afastado das operações financeiras sofisticadas que afetaram o mundo anglo-saxão".

Com relação ao endividamento público, Monti estimou que está "contido" e disse que os mercados "atacaram a Itália em meados de 2011, mais tarde que a outros países". Entre os motivos, estaria a interdição da política de austeridade orçamentária. Para o chefe do governo italiano, os países da zona do euro "se concentraram na união monetária e deixaram de lado a união econômica". Além disso, ele estimou que "frequentemente, os países do euro não foram tão longe como os que não adotaram a moeda única, como o Reino Unido, a Dinamarca e a Suécia".

"Se a Europa recuperar este atraso, obterá benefícios de produtividade consideráveis", disse Monti. Perguntado se Berlusconi poderia fazer cair o Governo de tecnocratas que preside, Monti afirmou que não teme isso, mas admite que o Executivo italiano "pode cair amanhã. Não estamos aqui para sobreviver, mas para fazer um bom trabalho".

"Não acho que um ou outro partido chegue a tomar tão superficialmente uma decisão semelhante (a de derrubar o Governo) perante os eleitores", acrescentou Monti, que diz receber de Berlusconi "um apoio considerável". Além disso, é preciso compreender seu estado de ânimo: ganhou três eleições democráticas, governou durante nove anos e aceitou a mudança", acrescentou Monti.

Fonte: EFE
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