Rendimentos em fundos cambiais só vêm em mais de um ano
Enquanto o dólar bate recorde a cada dia, há quem esteja atrás de estratégias inteligentes para aproveitar o momento e ganhar dinheiro com a alta. Seria a hora ideal para investir em fundos atrelados ao dólar? Só neste ano, a rentabilidade de fundos cambiais subiu 14,97%, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Para quem pode lucrar em longo prazo, o ativo é uma boa estratégia, mas especialistas alertam que ele só serve para quem está acostumado com as oscilações da renda variável.
Em época de alta do dólar, quem lucra com fundos cambiais são especuladores que têm prazo para aplicar e que desejam diversificar seus investimentos, mas que já aplicam em ativos de renda fixa ou títulos públicos. Segundo o professor de finanças do Insper Ricardo Rocha, quem investir agora em fundos atrelados ao dólar poderá ganhar com o ativo daqui, no mínimo, um ano e meio, pois a valorização do dólar é circunstancial e instável. "Investir em um fundo cambial não é o mesmo que comprar dólares. O fundo é atrelado à variação da moeda, mas nem sempre a cota que eu investir vai valorizar tanto quanto o câmbio", explica.
Proteção
Apesar de o fundo ser atrelado ao dólar, o investidor aplica e resgata o rendimento em reais. Da mesma forma que o ganho vem rápido, a perda também pode acontecer na mesma velocidade. Por isso, quem vai viajar, por exemplo, precisa se proteger e não deve investir nesse tipo de ativo. Como sugere o professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto Luciano Nakabashi, fundos cambiais são mais adequados para pessoa jurídica, que podem ter um retorno mais demorado, do que para pessoa física.
De acordo com Nakabashi, a depreciação do real já foi suficiente e a expectativa para os próximos meses é que o dólar permaneça nesse patamar ou comece a reduzir. "O mercado está nervoso, há muita oscilação. Quem aplicou, ganhou, mas a partir de agora aplicar em fundos cambiais esperando o ganho é arriscado", aposta o economista. Por isso, para não errar a mão, é mais adequado diversificar a carteira de investimentos.
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
