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Pessoa Fisica

Bancos privados devem oferecer mais crédito só em 2015

12 set 2013 - 07h34
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Com a renda de pessoas físicas mais comprometida e empresas mais contidas em 2013, a demanda por crédito está aquém do esperado. Enquanto para as instituições públicas a previsão é de expansão da oferta ainda este ano, para as privadas, especialistas empurram o crescimento para 2015. Ano de eleições presidenciais, 2014 já deve gerar incertezas pelo pleito, além disso, o cenário atual dos mercados dentro e fora do Brasil é pessimista para quem procura por financiamentos.

Desde agosto de 2000, o crédito oferecido por instituições privadas era maioria em comparação com as públicas, pois à medida que a taxa de juros caía, os bancos privados passavam a dar mais crédito. No entanto, a partir de maio deste ano, a participação dos bancos privados passou a ser minoria. Em julho de 2013, a oferta de crédito pelos bancos públicos representa 50,5%, e a disponibilizada pelos privados, 49,5%. No mesmo mês, apenas bancos públicos elevaram o estoque de crédito: segundo o Banco Central, o estoque de crédito cresceu 1,1% em relação a junho e somou R$ 1,286 trilhão. No acumulado do ano, o estoque cresceu 13,4% e, nos últimos 12 meses, 28,6%. Em contraponto, nas instituições privadas nacionais, o saldo ficou estável entre junho e julho e somou R$ 864,4 bilhões. O aumento do ano foi de apenas 2,1%, e de 5,3% nos últimos 12 meses. 

Pequenos investidores

O economista chefe da agência classificadora de risco Austing Rating, Alex Agostini, explica que, para estimular o crescimento da economia, o governo vinha incentivando que os bancos públicos apostassem em microcrédito para os pequenos investidores, em uma taxa de juros abaixo do mercado, o que atraiu clientes e fez aumentar a oferta de crédito. Pequenos investidores e consumidores, então, passaram a migrar para os bancos públicos para comprar veículos, imóveis e eletroeletrônicos. Enquanto isso, os bancos privados, mais contidos, não faziam a mesma oferta pelo risco de endividar-se emprestando dinheiro a seus clientes. "Bancos privados precisam captar recursos do mercado financeiro externo, e o cenário internacional não está favorável, então pisaram no freio", diz Agostini.  

Além do mercado financeiro internacional, outro fator que atrasa a expansão de crédito pelos bancos privados é a desaceleração da economia interna, com alta inflação e previsão de baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Como explica a professora de finanças do Insper Angela Menezes, consumidores endividados deixam de utilizar o crédito para investir, o que torna a equação ainda mais complicada. Se para os bancos públicos a oferta de crédito é um instrumento para incentivar uma sensação de otimismo, para as instituições privadas ter clientes endividados representa mais despesas. "Enquanto os clientes estiverem endividados, o crédito não vai crescer. Ou os bancos aumentam as taxas, ou restringem a oferta", diz Angela.

De acordo com o superintendente executivo da Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE), Marco Antonio de Araujo Lima, a previsão para os bancos públicos é mais otimista porque as instituições estão sendo utilizadas para fomentar a atividade econômica e retomar o crescimento do PIB. Lima ressalta que o crédito é a base para um desenvolvimento sólido da economia. "O investidor precisa ir em busca de crédito para financiar sua criatividade, de recursos para colocar suas ideias na prateleira", diz. Apesar da crise da oferta de crédito, Lima incentiva que as agências tenham a missão de expandir o financiamento para gerar investimentos produtivos. 

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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