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Entenda por que brasileiros gastam cada vez mais no exterior

3 jan 2014 - 07h44
(atualizado às 07h44)
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Brasileiros e moeda estrangeira parecem estar cada vez mais íntimos, a julgar pelos recentes recordes de gastos no exterior. Conforme dados do Banco Central do Brasil, os turistas deixaram US$ 1,874 bilhões em estabelecimentos comerciais de fora do País. O valor foi o maior registrado desde 1969, quando a instituição passou a contabilizar a ação. Em outubro, o valor foi ainda maior: US$ 2,314 bilhões. Outro recorde, dessa vez na comparação com todos os meses desde o início da estatística.

Os números surpreenderam pelo período em que apareceram. Outubro e novembro não são meses em que, tradicionalmente, as despesas no exterior são acentuadas. “O turismo se espalhou, em termos de consumo, independentemente dos períodos de férias escolares”, afirma Flávio Fligenspan, professor de economia da UFRGS. Segundo ele, uma hipótese plausível é a de que o setor é aquecido por aposentados. Além disso, os preços dos pacotes para épocas de baixa temporada são mais baratos.

O economista acredita que o interesse do brasileiro em comprar no exterior mostra deficiências no mercado nacional. A tributação, aliada a fatores como a mão de obra, tornam caros os preços finais dos produtos no Brasil. Para Fligenspan, o índice é prejudicial à economia nacional – o crescimento das compras fora do País causa déficits na balança de pagamentos, menor arrecadação de impostos e deixa de gerar empregos.

O Banco Central afirma que os recordes são decorrentes da melhoria da renda dos brasileiros, pois com remunerações maiores, a possibilidade de gastos no exterior aumenta. Até novembro de 2013, as despesas já eram de US$ 23,125 bilhões e superavam o número referente a todo o ano passado – US$ 22,2 bilhões.

Consequências

No final de dezembro, o Ministério da Fazenda anunciou aumento de 6% no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de compras no exterior por cartões de débito e cheques de viagem, saques em moeda estrangeira fora do País e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira. A medida foi justificada como uma forma de igualar as operações à taxa IOF de cartões de créditos internacionais – que também é de 6,38%.

Fligenspan acredita que a medida é um reflexo do crescimento dos gastos de turistas brasileiros em outros países. Para ele, o aumento se fez necessário diante de uma balança comercial e uma conta turismo deficitária nos últimos tempos. Além disso, caracteriza a manutenção de impostos diferentes para cartões de crédito e débito como um contrassenso. “Não faz sentido manter IOFs diferentes para formas de pagamento que são praticamente as mesmas”, diz. Para os próximos meses, não crê em novas altas nos impostos.

O fenômeno pode ter influenciado também o desempenho do comércio brasileiro durante o Natal. Dados do Serasa Experian apontam o menor crescimento nas vendas de varejo desde 2003. O aumento foi de 2,7%, enquanto que a média dos anos anteriores se mantinha em 7,55%. “No entanto, não foi o pior Natal dos últimos anos, como foi divulgado. Ainda houve crescimento”, ressalta o professor. Ainda assim, acredita que algumas vendas no período natalino foram absorvidas pela concorrência com o material estrangeiro.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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