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Operações Empresariais

Vendas do Brasil para a Argentina caem no primeiro bimestre

26 mar 2013 - 07h05
(atualizado às 07h23)
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As previsões pessimistas para o comércio entre Brasil e Argentina neste ano parecem estar se concretizando. Nos dois primeiros meses de 2013, as exportações brasileiras por fator agregado para o país vizinho caíram 14,2% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior. “Com base nas informações do primeiro bimestre, teremos de nos preocupar ainda mais com as exportações em 2013. A tendência é que o cenário se complique”, alerta o economista Rodrigo Branco, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Em 2012, as exportações do Brasil para o país caíram cerca de 20%, em grande parte em razão das medidas protecionistas tomadas pela Argentina frente à crise econômica, como a exigência de Declaração Juramentada Antecipada de Importação, contrariando o acordo de livre comércio do Mercosul. Branco aponta que a Funcex chegou a cogitar uma melhora no cenário para este ano, mas que após o anúncio do congelamento de preços, no início do mês, a expectativa é de queda nas exportações.

Entre os produtos exportados, chama a atenção a redução na venda de manufaturados, que apresenta uma variação negativa de 16,4% no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. “Nossas exportações são fortemente vinculadas aos manufaturados e, por isso, vão sofrer em 2013, pois a crise cambial argentina vai prejudicar os produtos com valor agregado maior”, analisa Celso Grisi, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

O docente avalia, ainda, que a inflação elevada e as distorções no câmbio da Argentina estão abalando a disposição brasileira em investir no país vizinho. “Nós ficamos assustados e mais conservadores para conceder crédito, enquanto outros exportadores, que querem ganhar espaço, aceitam um risco maior”, coloca. Para Grisi, a relação bilateral não tem perspectiva de melhora para este ano.

O presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo (Camarbra), Alberto Alzueta, destaca que, além das travas comerciais impostas pelos hermanos, o Brasil também tem sua parcela de responsabilidade na situação que se configura para 2013. “Os exportadores brasileiros devem ser mais insistentes, porque há outras nações que estão aumentando suas exportações para lá”, alerta ao afirmar que o Brasil vem perdendo espaço no mercado.

Alzueta atribui esta perda a uma maior pressão e mais ações de promoção por parte de outros países, que também oferecem preços mais competitivos. “No setor de máquinas e ferramentas, por exemplo, estamos perdendo para a China”, acrescenta. O presidente da Camarbra aposta na reunião entre Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, que deve ocorrer entre o final de março e começo de abril, para melhorar a relação entre os dois países.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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