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Operações Empresariais

Taxa de câmbio provoca pessimismo em empresas brasileiras

25 set 2013 - 07h36
(atualizado em 3/10/2013 às 10h10)
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O índice de otimismo entre os diretores financeiros (CFOs) das empresas brasileiras neste trimestre é o mais baixo desde que passou a ser calculado, em 2012. A taxa de câmbio, o código tributário e as políticas governamentais preocupam as empresas do País. 

Internamente, as dificuldades estão em manter as margens, gerenciar o capital de giro e contratar e preservar funcionários qualificados. A quinta edição da pesquisa trimestral Panorama Global dos Negócios, conduzida pela Duke University, Fundação Getulio Vargas e CFO Magazine com o apoio da BMFBovespa e do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF) mostra os diretores financeiros brasileiros entre os mais pessimistas da América Latina.

Os CFOs preveem uma queda no crescimento das receitas e dos lucros: se anteriormente esperavam um aumento anual de 14,9% nas receitas, agora preveem 7,8%; já a subida dos lucros passou a ser de 14,4% (antes era de 19,7%). A pesquisa ainda apontou uma tendência de aumento do emprego temporário. Por outro lado, os salários podem crescer 8%. 

De maneira geral, as empresas nacionais estão mais pessimistas com a economia que o resto do mundo. Se comparado ao trimestre anterior, 71% dos diretores financeiros estão menos otimistas e só 8% mais otimistas. O Brasil tem resultado inferior ao dos europeus e está bem atrás dos demais países latino-americanos, que lideram no quesito otimismo. De 0 a 100, os CFOs do Brasil dão nota 54,7 para o seu otimismo com relação à economia nacional. Nos quatro trimestres anteriores, o índice não baixou de 60,1, o que se afina com a maior parte dos países da América Latina - os mais otimistas atrás da China. A nota dada pelos Estados Unidos é 58,2, enquanto a Europa avalia com 55,7, os asiáticos com 54,3 e os africanos com 52,8.

Professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas e co-diretor da pesquisa, Gledson de Carvalho vê problemas característicos da economia brasileira, que podem contribuir para o resultado do levantamento. A taxa de crescimento do País vem sendo constantemente revisada para baixo, enquanto Chile, Peru e Colômbia crescem. “Eles não têm os problemas que o Brasil tem. Nós temos problemas estruturais que dificultam o crescimento do País. Não investimos em infraestrutura há muito tempo, e isso freia a economia. Quando a gente imagina que vai crescer, um gargalo trava isso”. A preocupação das empresas com o código tributário também é quase que exclusividade brasileira e apareceu em todas as edições da pesquisa.

A pesquisa indica ainda que 80% das empresas brasileiras de grande porte obtiveram financiamento de longo prazo nos últimos três anos, sendo 81% destes em reais e 26% em moeda estrangeira.

Apreensão 

Carvalho ressalta que o estudo é interessante por apresentar a visão dos CFOs, aqueles que teriam a melhor informação sobre o desempenho futuro das empresas. “É impossível contratar e investir sem a participação do setor financeiro. Eles têm informações sobre o que vai acontecer com a empresa antes de todos”, diz. 

Logo, é preocupante que os diretores financeiros estejam menos otimistas, acredita. Pode ser difícil dizer a que se deve esta queda, mas é provável que o desempenho projetado para as empresas esteja abaixo do esperado. Carvalho já enxerga indicadores que podem condizer com a realidade projetada pelos CFOs. A baixa demanda do mercado publicitário - mesmo durante o final do ano, quando normalmente há uma intensificação - aponta para cortes na área, que geralmente é a primeira a sofrer com crises, afirma.

Mesmo assim, Carvalho acha exagero falar em crise econômica. Há um período de apreensão quanto ao que deve acontecer nos próximos meses. “O fato de os CFOs não estarem otimistas reflete algo a que não estamos assistindo. Você freia porque você vê um mal sinal”.

Concluído no dia 5 de setembro, o levantamento teve a participação de 1212 CFOs do mundo, sendo 90 brasileiros.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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