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Operações Empresariais

Plano econômico do Japão facilita crédito e desvaloriza iene

13 ago 2013 - 07h13
(atualizado às 07h13)
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Anunciado no início de junho, o audacioso plano econômico japonês colhe seus primeiros resultados, como acesso facilitado ao crédito e desvalorização do iene. No entanto, a médio prazo, as consequências das medidas recentes são incertas, principalmente porque a desejada retomada da economia japonesa teria como base a expansão dos gastos do governo, podendo expandir a dívida pública do país, que já é a maior do mundo.

Ampliar o consumo é um dos objetivos do conjunto de medidas anunciadas no início de junho
Ampliar o consumo é um dos objetivos do conjunto de medidas anunciadas no início de junho
Foto: Shutterstock

Diretor acadêmico das Faculdades Integradas Rio Branco e membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo (USP), Alexandre Uehara analisa com otimismo os primeiros efeitos práticos do conjunto de medidas implementas pelo primeiro-ministro Shinzo Abe. A ampliação do crédito, que permite aos japoneses consumirem mais, e a desvalorização do iene frente ao dólar (atualmente cotado em 99,02 ienes), que auxilia os exportadores japoneses, são vistas com bons olhos por Uehara. “Uma nova perspectiva foi criada para a economia do país. Por enquanto, a expectativa é positiva, mas ainda é cedo pra saber o efeito surtido a médio prazo”, afirma.  

A cautela do comentário do professor se justifica. O fato de o plano econômico estar baseado em gastos públicos pode aumentar a dívida pública do Japão, estimada em mais de US$ 12 trilhões. Além disso, a redução de tributos para estimular o consumo pode gerar um aumento na inflação. “Na economia, é sempre difícil resolver essa equação e manter os preços em geral sob controle”, acredita Uehara, lembrando ainda que, nos anos 1990, a retração da economia ocorreu justamente por uma elevação dos impostos.

Como meta, o governo nipônico estabeleceu a expansão real do Produto Interno Bruto (PIB) em 2% ao ano durante a próxima década, índice bastante ousado, mesmo que o país tenha crescido exatamente 2% no ano passado, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o professor, a meta cumpre, em primeiro lugar, o papel de motivar a nação, deixando a efetiva viabilidade dela em segundo plano.

Entre as novidades que impactaram a economia do Japão, uma das mais comentadas foi a flexibilização dos vínculos trabalhistas, uma tentativa do governo de dar liquidez ao mercado. “Num país onde até pouco tempo atrás as pessoas se apresentavam umas às outras dizendo primeiro em qual empresa trabalhavam para só depois dizerem seus nomes, o impacto desse tipo de medida é grande”, garante o analista. No entanto, demissões em massa não devem ocorrer, pois são desvantajosas até mesmo para as empresas, que devem pagar indenizações e perdem o investimento realizado na qualificação dos empregados.

Em relação ao Brasil, o ideal seria que a economia japonesa crescesse, pois assim as exportações tendem a aumentar, segundo Uehara. A expansão do país asiático também se refletiria em aumento nos investimentos diretos e na manutenção da comunidade brasileira no país, que conta com mais de 190 mil pessoas, de acordo com dados de 2012 do Ministério da Justiça do Japão.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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