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Operações Empresariais

PIB do México sofre com a queda das exportações para os EUA

31 mai 2013 - 07h07
(atualizado em 4/6/2013 às 09h48)
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Depois de três anos em cima do salto, a queda. O Produto Interno Bruto (PIB) do México, segunda maior economia da América Latina, cresceu no ritmo mais lento desde 2011, no primeiro trimestre de 2013 - apenas 0,8%, em comparação com o mesmo período no ano passado. Bem menos que os 3,2% do último trimestre de 2012. Mas analistas afirmam que a situação é passageira. E o Brasil que não se distraia: deve tomar cuidado para não ser desbancado a longo prazo pelo irmão latino.

Desde a posse de Enrique Peña Nieto, a economia do México vivia uma onda de otimismo
Desde a posse de Enrique Peña Nieto, a economia do México vivia uma onda de otimismo
Foto: Shutterstock

Desde a posse do presidente Enrique Peña Nieto, em dezembro de 2012, a economia mexicana vivia uma onda de otimismo em função de reformas para o crescimento econômico e o combate à pobreza e à violência. O novo líder é membro do Partido Revolucionário Institucional (PRI), grupo político que estava há 12 anos na oposição, e criou o Pacto pelo México, um acordo que prevê, entre outras reformas, aumento de arrecadação tributária dos estados e da participação privada no setor energético.

Apesar das modificações e do otimismo, o aumento anual de 0,8% do PIB no primeiro trimestre, como informou o Instituto Nacional de Estatística e Geografia do país (Inegi, na sigla em espanhol), ficou abaixo das previsões do governo, que reduziu as estimativas de crescimento do PIB para 3,1%. Anteriormente, a previsão de crescimento para 2013 era de 3,5%, abaixo dos 3,9% do ano passado, quando fechou em US$ 1,18 trilhão. Em 2012, o México foi a 14ª economia mundial. O setor de serviços é o principal ramo de atividades e respondeu por 62% do PIB; seguido do setor industrial, com 34%; e agrícola, com 4%. Já as máquinas elétricas e mecânicas, os automóveis e os combustíveis são, juntos, responsáveis por 70% das exportações mexicanas.

A queda das exportações ocorreu devido ao enfraquecimento da demanda global externa, em especial dos Estados Unidos, país responsável por importar 50% da mercadoria mexicana. O Brasil ocupa uma posição mais humilde nas trocas com aquele pais, em nono lugar, como destino de apenas 1,2% das exportações. No primeiro trimestre de 2013, o PIB dos Estados Unidos, principal importador, cresceu 2,5% - abaixo do esperado (de 3%), mas ainda assim 0,4% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.

Para o economista e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro (ESPM-RJ) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Fernando Padovani, a desaceleração econômica é temporária e ocorreu devido a uma alta onda de investimentos no país nos últimos anos. "O crescimento é baixo, mas equipara-se ao brasileiro e não foi tão catastrófico", analisa Padovani. A recuperação dependerá, principalmente, da economia americana, que mostra sinais de retomada. Diversificar a pauta de exportações também está entre as prioridades do novo presidente.

Impacto no Brasil

De acordo com especialistas, a queda do PIB mexicano seria benéfica para o Brasil se fosse duradoura, mas por enquanto não chega a afetar a economia brasileira. O comércio bilateral entre os países somou US$ 10 bilhões em 2012. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, no ano passado, o México figurou como 10º parceiro brasileiro, com 2,16% do comércio exterior total do País. Entre 2008 e 2012, o intercâmbio entre as duas nações cresceu 36,1%, em função do aumento de 94,4% nas importações brasileiras. Porém, as exportações apresentaram leve declínio, de 6,5%.

As exportações brasileiras para o México são compostas, em sua maior parte, por produtos manufaturados, que representaram 82,8% do total em 2012, com destaque para máquinas mecânicas. Nas importações, os manufaturados representaram 94,3% do total, com destaque para automóveis. As empresas brasileiras que estão investindo no México, em grande parte, se aproveitam do país para entrar no mercado norte-americano. "É mais barato montar uma empresa no México do que exportar diretamente do Brasil para os Estados Unidos", explica Padovani.

Tanto o Brasil quanto o México têm interesse em dinamizar o comércio bilateral em 2013, mas por enquanto não pretendem negociar acordos de livre comércio. Na opinião da economista Monica de Bolle, tais acordos seriam benéficos para o nosso País para inserir seu parque industrial em um patamar global. "Ao contrário do México, que é dependente dos investidores externos, o Brasil concentra uma indústria local e é totalmente dependente de condições favoráveis do mercado interno", analisa a especialista.

Enquanto a indústria brasileira enfrenta problemas de competitividade, a mexicana tende a ser mais atrativa ao mercado externo. Em infraestrutura de transporte, no entanto, ambos os países ainda têm muito a avançar. Além disso, embora o México mantenha as taxas de inflação controladas, ainda tem muito aprender com o Brasil em termos de formalização do mercado de trabalho e perspectiva de crescimento da renda. 

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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