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Operações Empresariais

Golpe no Egito paralisa relações comerciais com o Brasil

País árabe importa basicamente commodities; empresários querem ampliar relações com produtos de mais valor agregado

15 jul 2013 - 07h05
(atualizado às 07h05)
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Instabilidade política fez exportações brasileiras para o Egito serem suspensas. Medida é considerada natural em um cenário conturbado
Instabilidade política fez exportações brasileiras para o Egito serem suspensas. Medida é considerada natural em um cenário conturbado
Foto: Shutterstock

A instabilidade política do Egito, palco de uma intervenção das Forças Armadas, que suspendeu a Constituição e derrubou o presidente Mohamed Mursi no começo do mês, deve se refletir no comércio bilateral com o Brasil. As negociações entre os dois países estão suspensas, assim como os pagamentos e embarques dos produtos brasileiros com destino ao país árabe.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, suspender as exportações é uma medida natural considerando o cenário conturbado do Egito. “Às vezes, o próprio importador pede essa suspensão. É uma decisão de bom senso. Pois, se o navio conseguir atracar, a mercadoria pode ser saqueada”, afirma. Além disso, o país árabe está suspendendo ou reduzindo os pagamentos. “Quem embarcar, corre o risco de entregar e não receber. Toda cautela é pouca”, alerta Castro.

O comércio bilateral entre Brasil e Egito envolve, em grande medida, commodities. Mais de 70% das exportações ao Egito são de açúcar, carne bovina, carne de frango, soja, milho e minério de ferro. Segundo a AEB, em 2012, apenas 1,12% do total das exportações brasileiras foram para o Egito. De janeiro a maio de 2013, as exportações brasileiras para o país atingiram US$ 740 milhões - uma queda de 8,5% comparado a igual período do ano passado (US$ 808 milhões). A tendência é que continue em queda. “Além do mais, como as commodities estão com o preço caindo, as futuras vendas vão gerar receitas menores”, analisa o presidente da AEB.

Expectativa era de crescimento

De acordo com o Itamaraty, de 2002 a 2012, o volume de comércio entre Brasil e Egito cresceu sete vezes, evoluindo de US$ 410 milhões para US$ 2,96 bilhões. Nos últimos dois anos, o fluxo comercial bilateral cresceu 38% (2011-2012). Empresas brasileiras têm interesse em investimentos em obras de infraestrutura de energia e transportes no Egito, além das oportunidades oferecidas pelo maior mercado consumidor do mundo árabe.

Já os egípcios queriam aumentar as exportações árabes para o Brasil. Mursi, o presidente deposto esteve no País em maio, onde demonstrou interesse em ampliar a parceria bilateral. Além disso, no último mês, uma delegação de 18 empresas egípcias de especiarias, plantas e ervas medicinais esteve em São Paulo, onde participou de uma rodada de negócios promovida pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby diz que atualmente, os produtos mais importados pelos brasileiros são os fertilizantes para agricultura.

Para Alaby, a instabilidade é temporária e deve ser regularizada assim que a situação no Egito se acalmar. “Do ponto de vista econômico, qualquer presidente que entre ou tome o poder vai ter que garantir o mínimo de condição ao povo. E o mínimo significa alimentos, que são importados do Brasil. Então, a grosso modo, não vejo qualquer modificação entre as relações comerciais a princípio”, projeta.

“Tenho a impressão que, por ter o apoio de organismos internacionais, pode ser que haja uma injeção de recursos e financiamentos que permitam o reestabelecimento da ordem e melhoria de qualidade no Egito”, opina o diretor da câmara. Ainda não há definição de quanto tempo o exército ficará no governo. O líder interino do Egito, Adly Mansour, apresentou um cronograma para a realização de novas eleições, que devem acontecer no início do próximo ano.

 
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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