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Operações Empresariais

Excesso de otimismo atrapalha a fortuna virtual de Eike

6 jun 2013 - 07h07
(atualizado às 07h07)
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Eike Batista ocupou o sétimo lugar no ranking dos mais ricos do mundo da revista Forbes, no ano passado. E a expectativa era de que em alguns anos galgasse posições rumo ao topo da lista. No entanto, o desempenho de suas empresas tem oscilado e, na nova lista da publicação americana, divulgada em fevereiro, Eike ocupa a 100ª posição. Para completar, ganhou o título de “maior perdedor do ano”. Segundo a Forbes, o empresário viu sua fortuna encolher de US$ 30 bilhões para US$ 10,6 bilhões.

Eike Batista passou de 7º homem mais rico para 100º na lista da Forbes
Eike Batista passou de 7º homem mais rico para 100º na lista da Forbes
Foto: Latin Content, Getty Images

Esta grande oscilação no patrimônio de Eike em curto período de tempo tem explicação. Para mensurar a riqueza dos empresários que constam em suas listas, publicações como a Forbes se baseiam na participação destas pessoas em suas empresas com capital aberto na Bolsa. Logo, o patrimônio estimado pode variar de acordo com o desempenho das ações. Segundo o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Alfredo Melo, como grande parte dos negócios de Eike estão na Bolsa (OGX, MMX, MPX, OSX, LLX e CCX), sua riqueza virtual flutua assim como o preço das ações.

Professor da mesma universidade, Aureliano Bressan aponta ainda outro motivo para o sobe e desce do patrimônio do empresário: muitas das empresas de Eike - conhecidas como “empresas X” por terem nomes terminados por esta letra - foram criadas com base em projetos que ainda não haviam sido colocados em prática. As expectativas em relação a estes empreendimentos eram muito boas, mas sucessivas falhas na execução dos projetos acabaram diminuindo a confiança dos investidores, o que levou à despencada do valor de mercado das empresas. O professor considera que o excesso de otimismo foi prejudicial às finanças de Eike, pois se tivesse havido mais cautela, as perdas seriam menos expressivas.

De acordo com Bressan, é difícil fazer previsões quanto ao futuro das empresas X, mas o mais provável é que ainda sofram grandes oscilações. Ele considera que para sair do “inferno astral” os projetos sobre os quais se baseiam precisam começar a dar resultados. Outra boa solução é buscar parceiros fortes, como fez a OGX. Considerada a empresa brasileira de capital aberto com o maior prejuízo nominal dos balanços do primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2012, conforme a ferramenta Economatica, a petroleira teve prejuízo de R$ 798,7 milhões de janeiro a março. E procurou ajuda.

No início de maio, a OGX anunciou a venda de 40% de participação de um de seus blocos exploratórios para a Petronas, petrolífera estatal da Malásia. Bressan explica que esta venda é positiva, pois um novo sócio representa a injeção de capital que a empresa precisava. Fechar negócio com a Petronas traz também fluxo de caixa e segurança. O voto de confiança de uma petrolífera com a credibilidade da estatal malaia tranquiliza os investidores. “O raciocínio é o seguinte: se a Petronas considerou que valia a pena se associar à OGX, é porque algo de muito bom ela deve ter, o que valoriza a empresa”, afirma o professor.

Sem afetar a economia nacional

Para os especialistas, os efeitos da oscilação no patrimônio de Eike não geram grande impacto na economia brasileira. Nem o patrimônio do empresário é tão afetado pela economia nacional. Melo considera que, apesar de as “empresas X” estarem voltadas a áreas importantes, como mineração e exploração de petróleo, sua influência sobre a economia brasileira não é relevante.

Para Bressan, a relação se dá por dois canais. “O primeiro é a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social nos negócios de Eike, o que representa dinheiro público investido, e o segundo é o reflexo da desvalorização dos empreendimentos do empresário, que pode ser prejudicial a investidores brasileiros”, afirma.

A influência da economia brasileira sobre os negócios do empresário, segundo Melo, ocorre à medida que a onda de otimismo em relação à situação econômica brasileira pode atrair investidores para empresas verde e amarelas. Segundo o professor, esta influência poderia ser maior se os investimentos de Eike fossem voltados principalmente a bens de consumo, mais suscetíveis às oscilações da economia nacional.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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