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Operações Empresariais

Especialista aponta cinco medidas para conter alta de preços

20 jun 2013 - 07h02
(atualizado às 07h02)
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As recentes medidas do governo para conter a inflação chegaram tarde demais. É o que afirma  o professor de economia e coordenador do Núcleo de Estudos de Política Monetária do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) de Minas Gerais, Claudio Shikida. Para ele, com a demora do Banco Central (BC), a inflação chegou a um nível muito alto e difícil de combater. “A política fiscal não vai se comportar da maneira que deveria, o governo já abandonou o câmbio livre e o que a gente observa é que a política monetária custou a reagir à inflação e à política fiscal e dificilmente vai conseguir conter a inflação”, analisa.

A projeção de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013 subiu de 5,80% para 5,83%, de acordo com a pesquisa divulgada pelo Banco Central
A projeção de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013 subiu de 5,80% para 5,83%, de acordo com a pesquisa divulgada pelo Banco Central
Foto: Shutterstock

Em maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juro da economia, passando a Selic de 7,5% para 8% ao ano. É a segunda vez que o Copom eleva a taxa, neste ano, com a intenção de combater a alta dos preços, que estourou o teto da meta e chegou a 6,59% em 12 meses. A projeção de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013 subiu de 5,80% para 5,83%, de acordo com a pesquisa Focus divulgada em 17 de junho pelo BC. Há quatro semanas, a estimativa estava em 5,80%. Para 2014, a projeção é de 5,80%.

O coordenador do Ibmec acredita que o índice do governo é modesto e deve subir mais. “Eu gostaria que ficasse no centro da meta - 4,5% -, mas é muito otimista. Ano que vem é ano eleitoral e já estamos vendo que o governo vai aumentar os gastos e os impostos, então a perspectiva é de que a inflação no ano que vem fique em torno de 5,9%”, comenta Shikida. Segundo ele, para conter a inflação o governo teria de diminuir gastos, estabilizar os tributos e abrir mão da receita. “Fazendo uma metáfora com academia, o governo tem de praticar um pouco de exercício para diminuir a obesidade governamental”, aponta.

O professor lista cinco passos que poderiam conter a alta dos preços no Brasil. “Com eles, a inflação cederia, mas ela não cai por porrada. Qualquer medida adotada vai demorar de três a seis meses para surtir algum efeito”, explica. Shikida afirma que o BC vai fazer de tudo para manter a inflação na meta para que o governo possa ganhar a eleição no próximo ano.

Taxa de juros

O Banco Central utiliza a sua principal ferramenta, a taxa básica de juros, para diminuir o dinheiro em circulação, conter a expansão do crédito e, assim, evitar que o crescimento inflacionário desperte. “É a forma de fazer uma política econômica caracterizada por controle de inflação via juros e política monetária, para a inflação não sair da meta. Se sair da meta, tem que subir os juros”, diz Shikida.

Política fiscal

A política fiscal define o orçamento e seus componentes, os gastos públicos e os impostos como variáveis de controle para garantir e manter a estabilidade econômica. Segundo Shikida, neste momento deveriam se voltar ao controle de gastos para não aumentar o déficit.

Câmbio livre

O câmbio no País é flutuante, mas o governo atua para evitar apreciação ou depreciação excessivas, principalmente em relação ao dólar. Shikida destaca a terceira medida para conter a inflação. “Tem de deixar o câmbio livre, não tentar forçar a barra para desvalorizar a moeda”.

Liberalização de mercados

Ao contrário das medidas anteriores, referentes à macroeconomia, Shikida cita duas medidas do âmbito microeconômico. Uma é a liberalização de mercados. “Essa medida tenta diminuir os preços e aumentar concorrências, o contrário do que o BNDES faz atualmente”. De acordo com o professor, liberar as compras externas e a tributação - tanto da importação quanto da exportação - contribuiria para recuar a inflação.

Desregulamentação de salários

A última medida citada pelo coordenador do Ibmec é a desregulamentação de salários, uma questão polêmica. “Para facilitar e flexibilizar a contratação de mão de obra. O governo poderia mexer nas leis trabalhistas e não tomar medidas populistas, que só prometem direitos para os trabalhadores”, diz.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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