PUBLICIDADE

Operações Empresariais

Entenda como o Mercosul prejudica negócios entre Brasil e UE

5 ago 2013 - 07h11
(atualizado às 07h11)
Compartilhar
Exibir comentários

Se quiser firmar um acordo comercial travado desde 1995 com a importantíssima União Europeia (UE), o Brasil terá de mudar de estratégia e se desvencilhar de cláusulas que o obrigam a negociar somente com a participação dos outros países do Mercosul. A ligação com Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela impede o acerto com o principal bloco econômico do planeta graças às políticas protecionistas aplicadas.

Exportação de etanol poderia ter crescido 42%, caso Brasil e União Europeia estivessem acertados
Exportação de etanol poderia ter crescido 42%, caso Brasil e União Europeia estivessem acertados
Foto: Shutterstock

Para se ter uma ideia, por não ter realizado um acordo com a UE em 2004, o Brasil perdeu, segundo estudo feito pelo Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de US$ 1 bilhão em relações comerciais. Além disso, o levantamento também aponta que, se tivesse firmado a aliança, o comércio exterior de etanol brasileiro poderia ter crescido 42% no período. “A importância de um acordo desses para o Brasil é bastante significativa, pois precisamos firmar parcerias comerciais fortes, o que não acontece com o Mercosul”, afirma o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília Alcides Costa Vaz.

Segundo o professor de Relações Internacionais da ESPM Mario Sacchi, o acordo firmado com o Mercosul tira a liberdade de negociação do Brasil. “Estaríamos muito mais livres se estivéssemos negociando com a UE individualmente. Perdemos a independência cada vez que tomamos uma decisão conjunta com o Mercosul, que cria travas e dificuldades”, afirma Sacchi, que vê na Argentina, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, o principal obstáculo.

Já na opinião de Vaz, um possível acordo entre os países da América Latina e a UE pode não só firmar uma “operação de peso”, mas também servir de estímulo para os negócios bilaterais. “É claro que a UE vê atrativos no Brasil, mas um acerto conjunto, mesmo que tire a flexibilidade, poderia colocar mais peso na negociação e aproximar ainda mais esses países”, afirma. Se na teoria o acerto entre os dois blocos parece o ideal, por outro lado, Vaz não acredita que ele possa ser selado.

Os setores mais afetados

Entre os setores mais afetados com o desacordo, é possível destacar o agronegócio, que sofre com as elevadas taxas de exportação impostas pelo Mercosul. Além disso, a UE impõe, também, uma política de comércio que restringe o acesso de produtos agrícolas altamente tributados por lá, o que faz com que o Brasil precise exportar para países como China e Índia.

Para o vice-presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, o impasse até agora sempre retardou o crescimento do setor, que tem grande demanda na Europa. “Não podemos aguardar todo esse período para firmar o acordo. Dentro desse principio, a CNA está bastante consciente da necessidade de flexibilizar a rigidez do Mercosul, para que a negociação individual ocorra”, afirma.

Além disso, segundo Sacchi, a área de produtos industrializados se vê bastante prejudicada, já que depende da exportação para se manter. “Os países da UE são compradores potenciais. Esse acordo, portanto, seria fundamental para a indústria”, explica. 

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade