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Operações Empresariais

Dólar eleva cotação da soja, mas pode complicar safra 2014

Ao mesmo tempo em que beneficia a venda da safra atual, valorização da moeda americana ameaça catapultar preço dos insumos para o plantio da lavoura de 2014

16 jul 2013 - 07h02
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Previsão da colheita em 2013 é de 81.456 milhões de toneladas, 22,7% maios que no ano passado
Previsão da colheita em 2013 é de 81.456 milhões de toneladas, 22,7% maios que no ano passado
Foto: Rossewelt Pinheiro / Agência Brasil

A alta do dólar vem favorecendo o produtor de soja na venda da safra 2013, mas pode ser a grande vilã da safra de 2014.

Ao mesmo tempo em que se aproxima de uma safra recorde - 81.456 milhões de toneladas é a mais recente estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) -, o Brasil convive com o câmbio mais alto desde 2009. Isso vai aumentar o lucro de quem plantou o grão, mas ameaça os gastos com a compra dos insumos para o ano que vem - cotados em dólar, assim como a oleaginosa.

Na semana passada, a saca de 60 quilos era negociada por até R$ 74 no porto de Rio Grande, e até R$ 71 em Paranaguá. O preço da soja em 2012 foi de R$ 63,41 por saca, com o dólar a R$ 2,02.

Cerca de 78% da soja desta safra já foi negociada, e o consultor de agronegócio Flávio Roberto de França Júnior diz que o melhor momento para vender é agora. “A última alta do câmbio aconteceu quando o montante de soja comercializado estava em 69%. Quem está vendendo agora está comercializando no pico dos preços do ano”.

Em contrapartida, dólar mais alto significa custos de produção mais altos, que impactariam o orçamento da safra de verão de 2014. “Quando o produtor for comprar os insumos, ele provavelmente pagará mais caro”, frisa Junior. O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, reforça que a alta do dólar gera muita insegurança. “É lógico que o dólar alto proporciona uma condição melhor para a venda, mas é lógico também que quanto mais cara a moeda ficar, mais complicado fica para o produtor”. “O governo está tentando reverter esta alta do dólar. Então, não sabemos até que ponto vai essa luta, nem quem vai vencer e quando vencerá”, completa França Junior.

A se confirmar a colheita de 81.456 milhões de toneladas, será um aumento de 22,7% sobre a última safra. A Conab informa que a produtividade média atingiu 2.938kg/ha em 2012, com recorde no Paraná: 3.355 kg/ha. ”Já no quesito lucratividade o Rio Grande do Sul foi o estado que bateu o recorde, com 54% de projeção no comparado com a safra anterior, seguido do Paraná, com 44% e Mato Grosso, com 39%”, acrescenta o consultor.

RS aposta no hedge

A alta do dólar em relação ao real vem estimulando os produtores de soja no Rio Grande do Sul a anteciparem as negociações de venda da próxima safra de verão, mesmo antes de começar o plantio. O câmbio influenciou nas cotações internas do grão: preço da saca fechou o mês de junho com alta, custando R$ 64, contra R$ 57,50 do mês anterior.

O hedge feito no Rio Grande do Sul é, para o diretor da empresa de consultoria SIM Consult, João Birkhan, bastante válido, pois o Estado escoa com facilidade a produção. “No Rio Grande do Sul, não existe esta proteção tão grande do frete. O produtor pega o valor que a soja vale no ano que vem e multiplica pelo dólar de agora, o que já garante o preço em reais para o ano que vem”.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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