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Operações Empresariais

Dólar atinge patamar bom para importadores e exportadores

30 out 2013 - 07h34
(atualizado às 07h34)
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Em agosto deste ano o dólar americano atingiu seu pico: chegou a custar R$ 2,45. Medidas de contenção da oscilação da moeda por parte do Banco Central do Brasil, como leilões de swap ou contratos de recompra e os problemas do orçamento e da elevação do teto da dívida americana contribuíram para que a moeda entrasse em depreciação em relação ao real. Chegou a R$ 2,16 no dia 16 de outubro.

O professor de relações internacionais da Universidade Católica de Brasília (UCB), José Maria de Oliveira lembra que, para avaliar se o dólar está com um preço razoável, deve-se levar em conta tanto o ponto de vista dos importadores quanto dos exportadores brasileiros. “No valor que a moeda americana está, o preço é razoável para quem importa e não causa uma perda muito grande para as exportações”, explica. “O fluxo de dólar no Brasil até essa semana tem sido negativo em mais de 4 bilhões. A moeda está saindo mais do que entrando. Os investidores estão voltando a injetar dinheiro em outros países, deslocando o investimento do Brasil”, diz.

A medida do Banco Central da recompra de dólares é apontada como exitosa pelo professor de economia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Marcos Troyjo. Para ele, a estratégia demonstra que o Brasil volta a se aproximar do tripé macroeconômico que envolve o câmbio flutuante, o superávit primário e as metas de inflação, e se junta com o ritmo lento de retomada da economia americana. “O jogo político nos Estados Unidos acabou desvalorizando a cotação do dólar no mundo todo. A incerteza gerada pelas políticas monetárias americanas ocasionou uma fuga de dólares do país”, afirma.

O professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Alexandre Chaia também acredita que as medidas de contenção da volatilidade do dólar implantadas pelo Banco Central, em agosto, foram colocadas da maneira correta. “Em vez de vender toda sua reserva de dólares de uma só vez, foram colocados recursos todos os dias de maneira a suprir o mercado de forma recorrente. O Banco Central fez seu papel de regulador da liquidez do sistema financeiro brasileiro, o que estancou o processo de alta da moeda americana”, opina. Chaia aponta ainda que a crise no mercado internacional que ocasionou a apreciação do dólar em relação ao real está menos intensa.

Cenário futuro

Para Chaia, a resolução do teto da dívida americana é importante para o cenário mundial porque, se os Estados Unidos aplicarem o inédito calote, podem gerar um crise global, tirando os investidores dos países emergentes, considerados de economia de médio risco e migrando para economias mais fortes, como Alemanha e Inglaterra, retirando seus recursos do Brasil, depreciando o valor do real frente ao dólar. “Também existe a possibilidade da moeda americana voltar a atingir os picos de agosto se a situação da dívida não se resolver. O que é improvável pelo estresse que o problema já gerou no país”, aponta.

A tendência do médio prazo apontada pelo especialista é de que a cotação se mantenha no patamar que está atualmente, entre R$ 2,15 e R$ 2,18, pois não existe entrada de dólares na economia nacional, devido a diversas manobras do governo, regras que mudam e que formam a percepção dos investidores de que o governo não seja sério em aceitar o setor privado como parceiro. Portanto, o dólar não teria como cair ainda mais. Os dólares no Brasil são apenas suficientes para suprir a demanda atual. “Ao final de 2014, com a possível mudança de governo ou uma mudança estrutural na atuação do atual, os empresários podem retomar os investimentos no País, levando a uma nova apreciação do real frente ao dólar”, conclui.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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