Com criatividade, Rio lidera exportação mundial de biquínis
Das poesias de Carlos Drummond de Andrade às letras de Tom Jobim, não é de hoje que as praias do Rio de Janeiro são fontes de inspiração para produções culturais de sucesso que extrapolam nossas fronteiras. Com os bens industriais, não é diferente. Biquínis, sungas e maiôs inspirados na moda fluminense e desenhados por estilistas de renome no País são um exemplo de produtos que se consolidaram no mercado nacional e tomaram o mundo.
Enquanto as exportações brasileiras de moda praia se reduziram em 7%, no ano passado, o estado do Rio apresentou crescimento de 19% nas vendas externas do segmento, alcançando US$ 5,4 milhões em 2012, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Com isto, somadas, as marcas fluminenses se tornaram as maiores exportadoras de moda praia, atingindo participação recorde de 49% nas vendas brasileiras do setor, ultrapassando o estado de São Paulo, historicamente o maior exportador.
O Rio de Janeiro inspira um lifestyle que tem ganhado o mundo ao apostar em criatividade. Segundo a analista de Moda e Design da Firjan Ariane Alves, o fato de ter as praias como cartão-postais contribui para este resultado. “Nos tornamos o País que mais fabrica e consome moda praia. Com tanta intimidade, abusamos no desenvolvimento de modelagens cada vez mais ousadas e investimos em tecnologia para dar criatividade às estampas e aos tecidos, tornando o produto rico em qualidade e estilo”, destaca. Nos últimos 10 anos, o preço médio dos produtos se valorizou 129%, saltando de US$ 67/kg, em 2003, para US$ 154/kg, em 2012.
Os Estados Unidos são, há 10 anos, o principal comprador da moda praia fluminense. De acordo com levantamento da Firjan, em 2003, o país representava 62% da pauta, caindo para 45%, em 2012, o que reflete também a diversificação de destinos destes produtos. As roupas de banho fabricadas no Rio tiveram como destinos, no ano passado, países considerados referências mundiais da moda, como França, Itália e Japão. Os três aumentaram suas compras nos últimos 10 anos - o Japão, caso mais extremo, viu sua demanda crescer 948% em uma década. Além disso, o país asiático se destacou pela compra de produtos com alto valor agregado, no ano passado - em média, US$ 339/kg. Já a França pagou US$ 151/kg, e a Itália, US$ 191/kg.
Para exportar cada vez mais, as marcas utilizam a tecnologia para se adaptar à cultura do país importador, desenvolvendo modelagens adaptadas para cada um de seus mercados, conforme a analista de moda. “Sem perder a essência do produto do estado do Rio de Janeiro”, afirma. “Os produtos são criados por profissionais que estudam o estilo de vida dos consumidores e as tendências de comportamento. Cada vez mais, essas marcas tendem a aumentar seus negócios e exportar para países que se familiarizam com nosso estilo de vida e, para isso, adaptam seus produtos aos clientes”, explica.
Compradores que falam árabe
Mesmo com o estilo de vida e a cultura bem diferentes do Brasil, a Liga Árabe é um dos destinos que tem apresentado significativo aumento na demanda por biquínis e sungas do País. Na última década, as exportações cresceram 623%. De 2011 para 2012, o crescimento foi de 131%, totalizando US$ 88 mil. Os países da Liga Árabe também consomem a moda praia do Rio com um alto valor agregado - cerca de US$ 260/kg -, uma valorização de 432% em termos de produto exportado desde 2003.
Dentre os países da Liga Árabe, os Emirados Árabes Unidos foram o principal comprador da moda praia fluminense em 2012, totalizando US$ 49 mil, equivalente a 56% das compras. Biquínis, maiôs e sungas levados para os consumidores daquele país tiveram um preço médio bastante valorizado, atingindo US$ 323/kg. No ano passado, a Firjan também destaca o crescimento das exportações para o Líbano, que corresponderam a US$ 34 mil.
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
