PUBLICIDADE

Operações Empresariais

Capital estrangeiro na Bovespa bate recorde e chega a 43%

4 nov 2013 - 07h31
(atualizado às 07h31)
Compartilhar
Exibir comentários

A participação do capital estrangeiro na compra de ações da bolsa de valores brasileira chegou a 43,1% em 15 de outubro deste ano. Desde 1994, quando era de 21,4%, a participação estrangeira atingiu 40% pela primeira vez em 2012, ano em que fechou em 40,4%, considerando o volume de compra e venda. Em 2011, os investimentos do exterior somaram 34,7%.

A crise internacional de 2008, instituições brasileiras mais consolidadas e o crescimento da economia nacional são os principais fatores apontados pelo analista Henrique Florentino que facilitaram o crescimento do investimento do exterior em ações. “A crise e os posteriores movimentos de alívios monetários dos principais bancos centrais do mundo fizeram com o que o fluxo financeiro para os países emergentes crescesse muito no período”, aponta o profissional da Um Investimentos.

A consolidação de empresas brasileiras também abriu espaço para investidores de fora. Para Florentino, o Brasil possui infraestrutura para atrair empresários estrangeiros, pois o mercado financeiro do País é considerado grande, em comparação com outros latino-americanos. Com a ascensão das classes C e D, o ciclo de consumo aumentou, aumentando também o mercado.

Além disso, Florentino cita a consolidação da democracia brasileira nos anos 90, que trouxe mais segurança aos investidores de fora. “O Brasil passou a respeitar contratos e oferecer rodadas de privatizações. Também passou a buscar a equalização de sua dívida externa, junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), melhorando a visão do estrangeiro sobre o País”, explica.

Dados do sócio-diretor da Easynvest Título Corretora, Marcio Cardoso, ilustram a importância dos investidores estrangeiros no Brasil. Em 2013, de janeiro até 25 de outubro, a entrada líquida (compra menos venda) de investimentos do exterior foi de aproximadamente R$ 11 bilhões, sendo os meses de janeiro e setembro os meses de maior entrada, com R$ 4,5 bilhões e R$ 4,2 bilhões, respectivamente, colocando os investidores do exterior como mais relevantes na ponta compradora de ações. No acumular do ano, as empresas foram responsáveis por R$ 760 milhões de compras líquidas, enquanto as instituições financeiras venderam R$ 754 milhões.

Porém, o analista indica que as entradas e saídas desses recursos são muito rápidas. “Hoje o investidor pode facilmente se movimentar de um mercado para outro, por conta da globalização. O que influencia na arbitragem feita pelos empresários na hora de investir no Brasil, que pode sair perdendo se seus ativos estiverem distorcidos em relação a outros países”, diz.

Imagem prejudicada

Diversas mudanças estruturais que aconteceram na questão cambial do Brasil e medidas como a não renovação das concessões do setor elétrico e alterações de regras de concessão ocorridas em 2011 e 2012 prejudicam a imagem brasileira. Essas mudanças acentuadas e sem hora para acontecer acabam influenciando negativamente o fluxo cambial no País, pois ocasionam a falta de garantia do retorno sobre os cálculos feitos no momento do investimento. “Quando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre o câmbio foi retirado em junho deste ano, a saída dos investimentos apareceu mesmo assim: o Brasil teve uma saída de R$ 1,1 bilhão de investimentos estrangeiros, pois o custo de saída foi diminuído. A confiança dos investidores de fora foi minada com as constantes mudanças tributárias de 2012. Inclusive em diversas rodadas de concessões deste ano, o governo teve de ir atrás de investidores estrangeiros”, diz Florentino.

Apesar disso, a participação estrangeira na Bovespa aumentou desde o ano passado. “Ainda temos um país com muitas oportunidades de desenvolvimento, que começou focar em privatizações em todos os setores. O que é natural, pois o governo não consegue financiar toda a infraestrutura atrasada em nossos aeroportos e rodovias, por exemplo. Nesse tipo de negócio, as taxas de retorno são atrativas para o investidor estrangeiro em sua maior parte”, conclui Florentino. O especialista aponta que uma questão tributária mais simples e consolidada aumentaria as participações estrangeiras em ações brasileiras.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade