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Operações Empresariais

Brasil tende a virar um País importador, afirma especialista

1 mai 2013 - 07h10
(atualizado em 6/5/2013 às 09h58)
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Após três meses consecutivos marcando saldos negativos, o fluxo cambial no País voltou a ficar positivo em abril. Segundo dados parciais do Banco Central, até o dia 22, a entrada de dólares no Brasil supera a saída em US$ 1,110 bilhão no mês passado devido ao desempenho sustentado pelas operações comerciais. Porém, apesar de positivo, os números estão longe de sinalizar uma recuperação.

Brasil tem tendência a virar um País importador, o que prejudica o saldo negativo no fluxo cambial
Brasil tem tendência a virar um País importador, o que prejudica o saldo negativo no fluxo cambial
Foto: Shutterstock

As operações financeiras responderam por uma saída líquida de US$ 3,326 bilhões, diferença entre entradas de US$ 24,190 bilhões e saídas de US$ 27,516 bilhões. No comércio exterior, por outro lado, o saldo está positivo em US$ 4,436 bilhões, com importações de US$ 12,687 bilhões e exportações de US$ 17,123 bilhões. 

Segundo o professor de finanças da ESPM Adriano Gomes, a situação é um sinal amarelo. “Não é uma situação alarmante para que a gente se desespere, mas tampouco está longe de sinalizar a cor verde. O sinal amarelo é um bom indicador para que medidas sejam tomadas e pensadas”, afirma. Ele se refere a iniciativas públicas.

O fluxo cambial reflete a soma das operações da balança comercial, das operações financeiras e das operações com instituições financeiras no exterior e, por isto, depende da estrutura econômica do País. Para Gomes, duas mudanças estão em curso. A primeira é o aumento gradativo das importações enquanto as exportações tendem a permanecer no atual patamar ou podem subir em valores de reais, dependendo da oscilação das principais commodities. “O Brasil tem tendência a virar um país importador”, analisa.

Já a segunda é a saída de dólares pelas empresas daqui na forma de remessa de lucro ao exterior - no caso, de organizações cuja matriz fica em um país europeu. “O cenário lá fora, sobretudo na Europa, parece que vai demorar a estabilizar. Este é mais um elemento que afeta o fluxo cambial. Os outros são viagens e gastos de brasileiros no exterior. Mas tudo é mais constante, deve permanecer neste mesmo patamar”, aponta o professor.

Restrições ao investimento estrangeiro

Com as remessas de lucros e dividendos ao exterior, o que calibra este fluxo financeiro, junto com as exportações, são os investimentos estrangeiros diretos. De acordo com Gomes, a entrada de dólares no Brasil, por meio de investimentos, deve continuar, porém não no volume, nem no ritmo de crescimento necessário para cobrir o déficit para o fluxo cambial. “No prazo de um ou dois anos, deve-se fazer com que esse fluxo permaneça com tendência de queda, forçando uma alta do dólar”, prevê.

Nem o aumento da exportação com a safra recorde deste ano vai aliviar o fluxo, pois o Brasil também tem importado muito. Além disso, o cenário para investimento estrangeiro aqui segue envolto de incerteza, derivada especialmente da confusa condução da política econômica, em mais um desestímulo à entrada de capital. 

Para o especialista em finanças, o Brasil ainda coloca muitas restrições ao investimento. “É uma dificuldade tremenda investir aqui. O governo precisa tomar medidas atrativas, para incentivar a formação de novas indústrias e até mesmo para investimentos financeiros, em vez de tomar medidas afugentando o investimento de capital externo”, assegura.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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