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Metade dos desempregados brasileiros tem mais de 11 anos de estudo

7 out 2013 - 20h11
(atualizado às 21h03)
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O porcentagem de desempregados brasileiros com mais de onze anos de estudo saltou de 20% em 1992 para 50% em 2012, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o relatório, enquanto é cada vez maior a porcentagem de trabalhadores mais qualificados entre os desempregados, é cada vez menor a dos que ainda não concluíram a educação primária.

"O contingente de pessoas dispostas a trabalhar, mas que por algum motivo não consegue um posto de trabalho está concentrado entre os trabalhadores de maior qualificação e não o contrário", aponta o estudo do Ipea.

Os dados contradizem uma das principais queixas dos empresários, de que o Brasil carece de mão de obra qualificada para várias atividades.

"Há evidências contrárias à noção que o país sofre com uma escassez de mão de obra qualificada. Pelo contrário, a oferta de trabalho qualificado vem aumentando continuamente, especialmente na última década", segundo o documento.

O relatório admite que o preço relativo da mão-de-obra mais qualificada também vem se reduzindo gradualmente. "Dessa forma, o que o Brasil sofre é com a escassez de mão de obra desqualificada", acrescenta.

"Os dados mostraram que a grande falta de mão de obra se registra nas ocupações pouco qualificadas, como por exemplo, agricultura, construção civil, trabalho doméstico", segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea.

O estudo mostrou que, como consequência da falta de mão de obra para estas atividades, estas foram as áreas que tiveram maior aumento de renda nos últimos anos.

O Ipea não descarta que alguns setores específicos enfrentem escassez de profissionais qualificados e especializados, "mas essa não é a característica do mercado de trabalho como um todo".

O estudo foi elaborado com base nos resultado da edição de 2012 da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, que calculou em 2,2 milhões o número de brasileiros desempregados ano passado e 93,9 milhões com ocupação.

Segundo esta pesquisa, a taxa média de desemprego no Brasil caiu de 8,9% em 2004 para 6,1% em 2012.

De acordo com dados divulgados na semana passada pelo governo, a taxa de desemprego no Brasil em agosto chegou a 5,3% da população ativa, abaixo dos 5,6% medidos em julho e o menor índice do ano.

Para o Ipea, o mercado de trabalho brasileiro teve um desempenho surpreendente ano passado apesar do baixo crescimento da economia (0,9%, o chamado PIBinho), mas ainda não vive a situação considerada como de "pleno emprego".

"Talvez os salários estejam aumentando, o que pode ser um sinal de pleno emprego, mas os números não permitem falar por enquanto de pleno emprego no Brasil", ponderou Neri.

EFE   
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