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Mesada pode ajudar criança a ser adulto menos consumista

Apesar de a maioria dos brasileiros considerar relevante conversar com os filhos sobre o uso do dinheiro, 68% não possuem o hábito de dar mesada às crianças

10 out 2014 - 11h02
(atualizado às 11h03)
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<p>A mesada, desde que dada com orientação dos pais, é o primeiro passo para a criação de um cidadão sustentável financeiramente, diz educador financeiro</p>
A mesada, desde que dada com orientação dos pais, é o primeiro passo para a criação de um cidadão sustentável financeiramente, diz educador financeiro
Foto: Shutterstock

Quer evitar que seus filhos se tornem adultos endividados e consumistas? Dê mesada. Esta é a recomendação de especialistas em educação financeira. Segundo eles, a mesada é dos mais eficientes exercícios financeiros da juventude.

Às vésperas do Dia das Crianças, a ser celebrado no próximo domingo, é normal que os filhos peçam presentes aos pais sem levar o preço em conta. “Vejo isso como um reflexo da dificuldade que os pais têm de conversar sobre dinheiro com os filhos. Na hora da conversa com os filhos, as finanças ainda são um tabu maior do que o sexo e as drogas”, diz Ricardo Pereira, consultor do programa Consumidor Consciente da MasterCard.

Tanta dificuldade se explica. Para Pereira, quem é pai hoje muito provavelmente viveu em tempos de hiperinflação. E quem viveu em tempos de hiperinflação teve de conviver com plano após plano econômico malsucedido até a introdução do real, em 1994. Em tempos de tamanha instabilidade, organizar-se financeiramente era quase impossível. Assim, poucos desenvolveram habilidades financeiras. 

Os resultados dessa ausência estão aí. Em agosto deste ano, o número de inadimplentes bateu recorde, atingindo 57 milhões de brasileiros, segundo a Serasa Experian. Uma pesquisa do Instituto Ipsos aponta que 68% das famílias brasileiras não pensam em poupar dinheiro. Além disso, 83% não pensam que podem se deparar com imprevistos financeiros.

Aí vêm as contradições. Apesar dos números adversos, estudo da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) diz que 76% dos consumidores acreditam ser muito importante orientar crianças sobre como lidar com o dinheiro, enquanto 20% consideram importante. No entanto, apesar de a maioria dos brasileiros considerar relevante conversar com os filhos sobre o uso do dinheiro, 68% não possuem o hábito de dar mesada às crianças. “É recomendável que o filho receba mesada a partir dos sete anos”, afirma Pereira.

“Crianças pensam em sonhos de curto prazo e a mesada pode ser um meio de ensiná-las a se organizar para conquistar o que desejam”, diz o educador financeiro Reinaldo Domingos, da escola DSOP Educação Financeira. “Os pais podem mostrar que, reservando um pouco por mês, o filho pode comprar dali um tempo o seu videogame, a bicicleta, o que for.”

Segundo Domingos, a mesada, desde que dada com orientação dos pais, é o primeiro passo para a criação de um cidadão sustentável financeiramente. “Dê o dinheiro e analise o comportamento do filho durante 30 dias. Anote tudo o que ele gastou e depois sente com ele, tenha uma conversa franca, mostre como o dinheiro foi usado. Não pode apenas dar dinheiro ou prometer mais se a criança for bem na escola. Isso, aliás, é uma maneira de motivação equivocada, pois pode atrapalhar o desempenho escolar.”

Para Ricardo Pereira, o alto índice de endividamento da população brasileira – influenciado, em parte, pela facilidade do acesso ao crédito – decorre de diversos equívocos econômicos e educacionais. “É fundamental a percepção de que precisamos começar pelas crianças. Com essa mentalidade, talvez tenhamos, mais à frente, uma geração de investidores e não de devedores.”

Fonte: Terra
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