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Mercosul busca fortalecer laço econômico entre países-membro

Bloco aposta em medidas como a isenção de tarifas para transações comerciais e a efetiva implantação do Banco do Sul

30 jul 2014 - 09h40
(atualizado às 10h54)
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<p>Após adiamento, a Cúpula do Mercosul ocorreu nesta terça-feira, em Caracas</p>
Após adiamento, a Cúpula do Mercosul ocorreu nesta terça-feira, em Caracas
Foto: AP
A 46º Cúpula dos Países Membros do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) aconteceu na terça-feira na Casa Amarela em Caracas, na Venezuela. Com um atraso de mais de seis meses, a reunião que deveria ter ocorrido em dezembro de 2013, só pode ser realizada agora, quando da estabilização política do país sede, a Venezuela.

Na reunião ocorrida em Montevidéu em julho de 2013, o bloco não pode estar completo porque havia um impasse sobre o retorno do Paraguai. País que teve sua participação vetada em função do golpe que depôs o presidente Fernando Lugo em 2012. Passadas as eleições presidenciais de abril de 2013, o Paraguai teve que esperar pela cerimônia de posse, além de “engolir” a adição da Venezuela como membro pleno para retornar ao grupo. O senado paraguaio era contrário à inclusão da Venezuela no bloco e Horácio Cartes não se mostrou contente com a decisão tomada enquanto seu país estava vetado de participação, cedendo logo em seguida.

Superados todos os conflitos, o clima em Caracas era de amizade. No discurso que abriu a cúpula o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fez questão  de destacar o retorno do Paraguai ao Bloco: “Queremos dar um boas-vindas especial para o presidente do Paraguai, Horácio Cartes, que está sentado na cadeira onde o Paraguai sempre vai estar,  reincorporado plenamente, como hermano, ao Mercosul”, saudou Maduro.

Além do Paraguai outra adição a essa cúpula seria o início da formalização do processo que integra a Bolívia como membro pleno do bloco. Evo Morales, presente também na reunião de julho de 2013, recebeu os cumprimentos dos chefes de estado do bloco pela entrada de seu país no bloco. “(Bolívia) está se colocando no caminho da plena integração como membro do Mercosul, que certamente acontecerá na cúpula de Buenos Aires. Assim, trabalharemos para que se concretize já, tendo passado todos os processos políticos, administrativos e parlamentares”, explicou Maduro confiante.

A tentativa de avançar como bloco econômico

Se as questões políticas e de integração parecem superadas, o que preocupa o bloco agora são os avanços no sentido econômico. No discurso de todos os presidentes foi possível encontrar um tom de empenho para fortalecer os laços comerciais entre os países, bem como a aproximação de blocos caribenhos e países do Pacífico-sul.

Do lado brasileiro, por exemplo, a presidente Dilma destacou o crescimento das trocas comerciais do país com seus aliados sul-americanos. “A reunião desta terça-feira (29) marca uma nova etapa na história do nosso bloco (...)o comércio do Brasil com os sócios do bloco regional cresceu mais do que com outros aliados comerciais tradicionais”, destacou.

Entre as principais resoluções estiveram a monção de apoio à Argentina na defesa pela reestruturação de sua dívida soberana. Em outra palavras, em sua luta contra os fundos especuladores norte-americanos que devem levar o pais a decretar um default técnico.

Cristina Kirchner, por sua vez, aproveitou para reforçar a ideia de é preciso redobrar os esforços para conseguir uma ordem global mais equitativa. Segundo ela: “Isso (referindo-se ao problema argentino com os fundos abutres) não tem que levar à desilusão, senão a redobrar os esforços para conseguir uma ordem global mais equitativa, mais justa, multipolar, em que já não seja a subordinação de uns sobre os outros, senão a cooperação o que anime o vínculo entre as nações, como acontece com o Mercosul, a UNASU e a CELAC”, ponderou.

Além disso, houve um avanço na intenção de incrementar as trocas comerciais com Perú, Chile e Colômbia, que poderiam levar a um adiantamento da tarifa zero para negociação com esses países; ao menos por parte do Brasil. Somada à aprovação de uma declaração conjunta do Mercosul para promover o estabelecimento de uma zona economicamente complementar com a Aliança Bolivariana para os Povo de Nossa América - Tratado de Comercio dos Povos (ALBA-TCP) e a Comunidade do Caribe  (CARICOM).

A aproximação com os países em desenvolvimento e a assinatura de convênios com China e Rússia, durante a visita de seus respectivos chefes de Estado, Xin Jinping e Vladimir Putin, à região foi destacada. Talvez levados pela boa aceitação da criação de um Banco dos Brics, difundida durante a reunião do bloco em Recife, os presidentes sul-americanos, se mostraram animados com a retomada do projeto de criação do Banco do Sul. “Estamos aprovando os documentos para acelerar os passos para a ativação do Banco”, contou Maduro, completando “queremos fechar esse compromisso para que o Banco entre em vigor ainda no segundo semestre deste ano”, finalizou otimista.

Criação de um comitê de segurança de informação

Ainda sob efeito das discussões sobre espionagem que foram centro dos debates de julho de 2013, os presidentes do bloco anunciaram o avanço no sentido de criar uma comissão de proteção da informação. “Acolhemos com satisfação a proposta de criação da reunião de autoridades sobre a governança, privacidade e segurança da informação e infra-estrutura tecnológica do Mercosul feita pela Venezuela, que vai conferir institucionalidade para o tratamento regional dessa questão tão relevante para as próximas décadas”, apontou Dilma durante seu discurso.

Na reunião anterior, Rousseff já havia deixado clara sua posição sobre os rumores de espionagem denunciados por Edward Snowden, com relação ao EUA sobre o Brasil. Na ocasião a presidente foi enfática em declarar que “o combate ao terrorismo não pode significar a violação da privacidade”. 

Fonte: Especial para Terra
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