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Marconi Perillo e Eduardo Paes cancelam participação na BA

28 abr 2012 - 17h54
(atualizado às 17h57)
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Livia Wachowiak Junqueira
Direto de Comandatuba

Em meio a supostas ligações com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), cancelou sua participação no 11º Fórum de Comandatuba, na Bahia. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, também cancelou sua participação - ele receberia na noite deste sábado o prêmio de Personalidade do Ano.

Perillo estava com participação agendada no seminário deste domingo e desistiu de comparecer na sexta-feira à noite, segundo a organização do evento. Já Paes cancelou a presença hoje à tarde.

Neste sábado, foi noticiado que Carlinhos Cachoeira orientou um de seus operadores a entregar dinheiro a um assessor do governador de Goiás, Marconi Perillo, em julho de 2011. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal durante investigações sobre os negócios de Cachoeira mostram o contraventor tratando do assunto com o ex-vereador Wladimir Garcez, um de seus operadores. "É pro governador", disse Cachoeira, segundo a Folha de S. Paulo.

Jayme Rincon é um dos principais auxiliares de Perillo no governo de Goiás. Ao jornal, o governador negou ter feito negócios com Cachoeira, mas reconheceu que seu operador atuou como intermediário em uma transação imobiliária.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

A 11ª Edição do Fórum de Comandatuba é promovida pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), do empresário João Doria Jr., e trará debates enfocados no tema "O Brasil que Nós Queremos". O evento será realizado entre os dias 28 de abril e 1º de maio no hotel Transamérica, em Comandatuba (BA). O fórum, que é anual, foi criado em 2002.

Fonte: Terra
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