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Lula: Doha seria "pingo de esperança" para países pobres

11 fev 2009 - 18h46
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Laryssa Borges

Direto de Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que condenou nesta quarta-feira a adoção de medidas protecionistas como caminho para que as economias enfrentem a crise financeira mundial, afirmou que a conclusão das negociações sobre o fim dos subsídios agrícolas fixados pelas nações desenvolvidas, por meio da Rodada de Doha, seria um "pingo de esperança" para que os países pobres pudessem ter condições de sobrevivência em meio às turbulências mundiais.

"Eu estou convencido de que o protecionismo neste instante vai prejudicar a possibilidade de a economia voltar a crescer. Eu acho que a melhor medida que os países ricos poderiam tomar neste instante era voltar a sentar na mesa de negociações e concluir a rodada de Doha e dar um pingo de esperança para os países mais pobres do mundo", disse.

"Eu não posso acreditar, em nome da minha consciência, que os países ricos passaram três décadas (se dizendo) vítimas, dizendo que o comércio era uma solução para o problema do mundo, só porque eles tinham mais produtos pra vender e estavam nos convencendo a comprar. Acho que agora que eles pregaram tanto, a única coisa que eu quero é que eles pratiquem o que falaram, só isso. Tem muito país pequeno dependendo de países ricos", comentou o presidente após almoço no Palácio do Itamaraty.

Questionado, Lula evitou, no entanto, criticar o pacote econômico aprovado pelos Estados Unidos e as medidas de proteção da economia nele contidos, dizendo que acredita que o presidente Barack Obama "dará conta do recado".

"Eu não tenho direito de ficar assustado com o pacote do Obama. Sou muito solidário e tenho rezado mais pelo Obama do que por mim mesmo. Acho que os Estados Unidos têm uma situação gravíssima e acho que o Obama é a esperança de resolver este problema. Por isso eu estou torcendo que cada medida que ele faça possa ajudar a minimizar (os efeitos da crise). Se parar a crise já está de bom tamanho, porque somente parando é que se pode retomar o crescimento", comentou.

"Eu estou convencido de que o Obama vai dar conta do recado. Ele está no poder há apenas 15 dias, 20 dias. A gente não pode também esperar que ele resolva o problema que vem sendo aniquilado ao longo das duas décadas. Eu quero dizer que tenho muita esperança que o presidente Obama possa resolver os problemas dos EUA junto com o Congresso Nacional, junto com os empresários e com os trabalhadores", observou o presidente Lula.

Para ele, ao combater o protecionismo, o governo brasileiro deve contestar práticas como o dumping, que, se adotadas, tendem a piorar os efeitos da crise.

"Eu acho um equívoco as pessoas quererem voltar a praticar o protecionismo de antes. Nesse momento, se as pessoas começarem a praticar o protecionismo, a crise só tende a se agravar. Por isso que nós não acreditamos no protecionismo, vamos falar contra, vamos trabalhar contra", comentou, destacando que irá negociar no âmbito do Mercosul uma reposta às medidas já anunciadas pela vizinha Argentina de proteção do mercado interno local.

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Fonte: Invertia Invertia
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