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Lava Jato apresenta denúncia contra João Santana e Marcelo Odebrecht

28 abr 2016 - 17h01
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A força-tarefa da operação Lava Jato apresentou nesta quinta-feira denúncias contra o marqueteiro do PT nas últimas três eleições presidenciais, João Santana, e o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht por corrupção, citando pagamentos ilegais ao publicitário feitos pela empreiteira e o estaleiro Keppel Fels envolvendo contratos com Petrobras e Sete Brasil.

Foto: Reuters

Além de Marcelo Odebrecht e Santana, que estão presos, também foram denunciados nesta quinta a mulher do marqueteiro, Mônica Moura, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que também estão detidos, além de ex-funcionários da Petrobras e da Sete Brasil.

Não foi denunciado nenhum funcionário da Keppel Fels, mas um representante do estaleiro, Zwi Skornicki, outro preso, está entre os alvos da denúncia. No total foram denunciadas 17 pessoas como parte das duas acusações formais apresentadas à Justiça.

De acordo com os procuradores da Lava Jato, João Santana foi o destinatário de parte da propina direcionada ao PT pela Keppel Fels em decorrência de contratos fechados com a Petrobras e a Sete Brasil. Além disso, disseram os procuradores, o marqueteiro recebeu pagamentos da Odebrecht no Brasil e no exterior por serviços prestados para campanhas eleitorais do partido.

A primeira denúncia tem como base a 23ª fase da operação Lava Jato, na qual o marqueteiro foi preso em fevereiro por suspeita de ter recebido pagamentos ilegais de ao menos 7,5 milhões de dólares da Odebrecht fora do país, enquanto a segunda se refere à 26ª fase da operação, que teve como alvo principal um departamento da Odebrecht especializado em realizar pagamento sistemático de propinas em várias áreas de atuação da empresa.

"ESTRATÉGIA QUASE DIABÓLICA"

A denúncia envolvendo Keppel Fels, Sete Brasil e Petrobras busca ressarcimento de 432 milhões de dólares aos cofres públicos, o dobro do valor apurado em corrupção no esquema, de 216 milhões de dólares. Os procuradores destacaram a "estratégia quase diabólica" de criação da Sete Brasil para utilização no esquema de corrupção.

"Um ponto que acho bastante interessante de destacar é a questão da Sete Brasil, o quanto a Sete Brasil foi utilizada como uma extensão do esquema de corrupção montado na Petrobras", disse a procuradora federal Laura Tessler sobre a empresa criada para afretar sondas para a Petrobras, mas que nunca chegou a operar.

Quanto a Marcelo Odebrecht, a denúncia se soma a outras já apresentadas contra o executivo, que foi condenado no início de março a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa pelo seu envolvimento na Lava Jato.

CORRUPÇÃO INSTITUCIONALIZADA

Ao apresentar as novas denúncias, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, fez uma defesa enfática da operação em meio a especulações de que uma eventual chegada do vice-presidente Michel Temer ao poder em caso de impeachment da presidente Dilma Rousseff poderia afetar a operação.

"Vivemos um momento muito especial na história dos país e nos preocupa o caso que uma parcela da população vê a mudança de governo, e mesmo as ações da Lava Jato, como meio caminho andado contra a corrupção. Nós não concordamos com essa ideia. Na nossa visão, mudança de governo não é caminho andado nenhum contra a corrupção", afirmou.

"Corrupção não é privilégio ou ônus de governo A ou de governo B, de um partido A ou de um partido B, a corrupção nos acompanha ao longo de toda a história, é institucionalizada."

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