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Impeachment: Brasil vai começar a andar, dizem especialistas

2 dez 2015 - 19h53
(atualizado em 4/12/2015 às 17h15)
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Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciou que aceitou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, apresentado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, com base nas pedaladas fiscais de 2015. Ainda que a decisão de Cunha seja uma retaliação ao governo e ao PT pelo processo que enfrenta no conselho de Ética, os especialistas enxergam um lado “positivo” em tudo isso: finalmente, o Brasil começará a andar.

“O lado bom é que o país entra em um capítulo mais previsível”, afirma o cientista político Lucas de Aragão, sócio da Arko Advice. Isto porque, até agora, a maior tarefa de todos era tentar adivinhar o que se passava na cabeça de Cunha, cada vez mais acuado por acusações de envolvimento em esquemas de corrupção na Petrobras e, agora, na suposta venda de emendas para beneficiar o BTG Pactual, cujo principal sócio, André Esteves, foi preso pela Polícia Federal em nova fase da Lava Jato. “O andamento do Congresso volta a se basear mais na lógica política, e não no comportamento de Cunha”, observa Aragão.

O ponto, agora, é entender como os partidos se posicionarão quanto ao processo de impeachment. De um lado, o PSDB, principal legenda da oposição, já demonstrou cautela em relação à cassação de Dilma. O motivo é que os tucanos não se entendem nem entre eles. O principal beneficiado pela queda antecipada da petista seria o senador Aécio Neves, que concorreu ao Palácio do Planalto e perdeu por uma diferença mínima no segundo turno. Já o governador paulista, Geraldo Alckmin, manobra para se tornar o candidato do partido à presidência. Por isso, torce para que Dilma e o PT sangrem até 2018, aumentando suas chances de vitória.

Além disso, não há um vitorioso claro, no caso da queda de Dilma. Mesmo o PT poderia se beneficiar, já que teria três anos para voltar a se apresentar no papel que melhor desempenhou: o de oposição ao governo – qualquer que seja. Por enquanto, porém, não se descarta que o caso tumultue o cenário, mas não vá adiante.

“O processo de impeachment fará muito barulho, mas não vingará”, afirma o cientista político Paulo Silvino, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp). “O próprio PSDB, que apoiava Cunha, recuou”, acrescenta. Para Aragão, da Arko Advice, na prática, Dilma tem, agora, a chance de “se livrar da chantagem do impeachment e recomeçar seu governo”. Dezembro, com certeza, não será para os fracos de coração.

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