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Guru da economia criativa ensina a lucrar com novos mercados

17 abr 2012 - 07h44
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O advento da internet trouxe dificuldades para a indústria de bens culturais. Como ganhar dinheiro quando o público está cada vez menos disposto a pagar por músicas e filmes - e tem cada vez mais formas de conseguir esses conteúdos de graça? Não por coincidência, foi em 2001, quando a crise da indústria fonográfica já começava a se afigurar, que o consultor britânico John Howkins criou o termo economia criativa (

Howkins: "Não só no Brasil, mas na China, Inglaterra e em qualquer parte do mundo, a quantidade de inovação tem crescido muito. E a quantidade de pessoas ganhando dinheiro com isso, também"
Howkins: "Não só no Brasil, mas na China, Inglaterra e em qualquer parte do mundo, a quantidade de inovação tem crescido muito. E a quantidade de pessoas ganhando dinheiro com isso, também"
Foto: Abhisit Vejjajiva/Creative Commons / Especial para Terra
creative economy

), que define formas inovadoras de negócios em torno de bens culturais.



O autor do best seller de 2001

The Creative Economy

está no Brasil a convite do Serviço Social da Indústria (Sesi). No momento em que o Ministério da Cultura brasileiro começa a implantar uma secretaria específica para tratar do assunto, o autor falará sobre o tema em seminários entre hoje e o próximo dia 20, nas cidades de São Paulo, Campinas (SP) e Ribeirão Preto (SP).



Em entrevista exclusiva ao

Terra

, Howkins, hoje também integrante da BOP Consulting, explica o que é exatamente a economia criativa.



Terra - O que é economia criativa?
John Howkins

- A economia criativa atua principalmente no setor de entretenimento, arte e negócios, mas é na verdade todo negócio que utiliza ideias para criar algo novo, principalmente quando essas ideias são protegidas pela legislação de direitos autorais (

copyright

).



Terra - E como isso acontece?
Howkins

- Se olhar a internet, você vê uma profusão impressionante de novos negócios e modelos de negócios que parecem ter vindo de lugar nenhum. Eles usam bases de dados para o que eles querem, para servir às audiências, conectar as pessoas e dar a elas o que elas querem. A internet é uma plataforma incrivelmente inovadora e surpreendente, que dá muitas possibilidades para trabalhar.



Terra - Mas a internet também não significa um desafio para empresas continuarem lucrando com a propriedade intelectual?

Howkins

- Se você olha os novos agregadores e redes sociais, você vê que eles são extraordinariamente cheios de imaginação e engenho no que se refere a formas de conectar as pessoas e de fazer dinheiro com isso, assim como formas de distribuir conteúdo de mídia.



Na China o microblog Weibo, por exemplo, tem ganhado muito dinheiro. A Apple é uma das empresas mais importantes do mundo hoje em parte por causa do iPad, que é completamente dependente da internet. O iTunes é um revendedor de muito sucesso de filmes e músicas que está ficando muito grande e muito rico, em um espaço de tempo impressionantemente curto.



Terra - Mas essas são grandes empresas estabelecidas. É possível para um pequeno e médio empreendedor ganhar dinheiro nesse setor?
Howkins

- Pegue o exemplo dos roqueiros da Inglaterra. Eles estão fazendo apresentações, disponibilizando seus álbuns e vendendo mercadorias principalmente na internet. O preço para disponibilizar esses produtos e operar um site é muito baixo.



Com a internet, o mercado mudou, as pessoas podem ter acesso à música de graça e não querem pagar por ela. Você precisa contornar isso de alguma forma. Por isso, os shows hoje dão muito mais dinheiro.



Terra - Isso é uma vantagem para pequenos empresários?
Howkins

- Isso é uma vantagem para qualquer um. Isso possibilita que pequenas empresas tenham presença no mercado, mas uma empresa ainda tem que trabalhar duro. O público não perdoa música ruim, mas se você tem um bom material e trabalha direito, você pode ganhar dinheiro. Mesmo que não venda sua música diretamente, isso significa apenas 20% da renda do mercado de música. A divulgação permite que você faça apresentações ao vivo e ganhe com mercadorias. Mesmo assim, ainda há sempre o dinheiro do

copyright

, com as vendas do iTunes.



Terra - E quais são as suas expectativas no Brasil?
Howkins

- Eu adoro conhecer pessoas, principalmente que trabalham com música e arte no geral. Eu conheci pessoas em São Paulo que estão explorando essas ideias e que estão aparecendo com novas formas de crescer no mundo online.



Terra - Que tipo de ideias?
Howkins

- É sempre uma questão de como você consegue dados das pessoas que estão acessando seu web site, e de trabalhar esses dados com algoritmos e descobrir formas de ganhar dinheiro com isso. Isso passa por prover a elas uma experiência da qual elas gostem.



Terra - Como alguém que nunca trabalhou nessa área pode começar?
Howkins

- Trabalhar online é o mesmo que trabalhar com qualquer outra coisa. Você tem que vir com uma ideia mais bonita, mais elegante, rápida, melhor e mais interessante do que os outros já têm e focar em fazer o melhor com as suas habilidades particulares. Não é algo que você pode fazer em meio período. Você precisa ter paixão, se entregar com tudo o que você tem para ela.



Terra - E como financiar esse começo?
Howkins

- Se você já tiver algum histórico de sucesso, você pode conseguir investidores que te ajudem, mas isso é muito raro. Se você tiver um plano de negócios sólido, uma equipe coesa e mostrar o que o seu projeto faria no mercado, você pode conseguir também financiamento.



Mas, no geral, você precisa no começo financiar seu projeto a partir das suas próprias vendas, o que não é muito diferente do que designers e artistas. Eles começam por baixo, começam a ganhar uma audiência e crescem.



O importante é que, não só no Brasil, mas na China, Inglaterra e em qualquer parte do mundo - principalmente nas cidades-, a quantidade de inovação tem crescido muito. E a quantidade de pessoas ganhando dinheiro com isso, também.



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Especial para o Terra

Fonte: Terra
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