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Fórum Social: encontro de Davos está sempre atrasado

26 jan 2012 - 07h51
(atualizado às 15h05)
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Críticos do capitalismo e da globalização voltaram a se encontrar em centenas de eventos em Porto Alegre e cidades da região metropolitana nesta quarta-feira em uma versão temática do Fórum Social Mundial, criado em 2001 como um dissenso do encontro econômico anual de Davos. Além de decretar que Davos "errou" por não prever uma crise econômica tão longa, as principais vozes à frente do evento social nos últimos 10 anos fizeram o alerta de que o novo erro do Fórum Econômico Mundial é não se antecipar para os problemas da falta de sustentabilidade. "Davos está sempre atrasado, faz a velha filantropia" disse um dos idealizadores do encontro, Oded Grajew.

Mesmo com o anúncio do Fórum Econômico Mundial de que quer debater neste ano caminhos diferentes para o crescimento e desenvolvimento, a crítica vinda de Porto Alegre é de que as grandes economias não agem para resolver as causas - como a desigualdade social. "O Fórum Econômico dizia que não tínhamos alternativa, por isso surgiu o Fórum Social Mundial. Davos não conseguiu prever a crise econômica, nós avisamos que o modelo estava esgotado havia mais de 10 anos. Agora o alerta é ambiental", afirmou Grajew.

A presidente Dilma Rousseff, que chegou a Porto Alegre nesta quarta-feira, participa na quinta de dois eventos do Fórum Social Temático. Um com a coordenação do encontro e outro com movimentos sociais. Uma das cobranças que ouvirá será em relação aos desafios da organização da Rio+20, que acontece no Brasil em junho. Em um debate nesta quarta-feira, nomes como a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o teólogo Leonardo Boff e frei Betto discutiram a necessidade de uma agenda da sociedade civil para a Rio+20.

"Hoje, não mudar é retroceder. E temos pouco tempo", afirmou Boff. Ele demonstrou preocupação com a falta de vontade de governos em firmar compromissos ambientais. Já Marina cobrou uma posição clara do governo brasileiro. "O Brasil precisa definir qual sua posição, qual é o modelo que vamos seguir em relação às mudanças dos modelos de desenvolvimento".

Cidades

Em Canoas, o Seminário Internacional de Cidades de Periferia reuniu o francês Jean Paul Le Glou, vice-presidente da organização Plaine Commune, e o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. "Não é possível falar de desafios se as pessoas não têm consciência da importância de abordar o tema (da sustentabilidade)", afirmou Le Glou.

Sousa Santos disparou críticas contra a Europa e a demora em resolver o problema econômico do bloco. "A Europa ditou o que o mundo fazia por cinco séculos. De tanto querer ensinar, esqueceu de aprender. Só se fala em crescimento, mas um crescimento insustentável", disse ele.

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Foto: AFP
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