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Feira de Hannover dá largada à corrida da Indústria 4.0

14 abr 2015 - 16h38
(atualizado às 16h38)
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Aos poucos, conceito apresentado no evento há alguns anos se torna realidade, conectando máquinas e pessoas. Alemanha disputa com Estados Unidos posição de destaque na chamada quarta revolução industrial.

O cenário da Feira da Indústria de Hannover deste ano, aberta nesta segunda-feira (13/04), é dominado por robôs de todas as formas, o que não é necessariamente algo novo. A novidade está no fato de os colegas metálicos se aproximarem cada vez mais da figura humana, trabalhando juntos nos espaços mais apertados.

E também é novidade que unidades de produção estejam cada vez mais eficientes, podendo oferecer soluções cada vez mais individuais. Ferramentas e peças comunicam-se entre si. Assim, é possível produzir também em quantidades pequenas ou readaptar rapidamente as instalações.

Esse desenvolvimento possui diferentes nomes: fábrica inteligente, indústria integrada ou Indústria 4.0. Depois da invenção da máquina a vapor, da introdução da produção em massa e da entrada de robôs nas linhas de produção, a indústria está vivenciando agora a sua quarta revolução.

E, claro, resta a pergunta: Quem tem as melhores soluções? A China como o maior fornecedor de máquinas ou os EUA, que ocupam o segundo lugar? Ou seria a Alemanha?

Philip Harting é membro da diretoria da empresa familiar homônima, cujos produtos conectam em rede máquinas, instalações e equipamentos. Em sua opinião, a corrida ainda não foi decidida.

Segundo ele, os americanos são muito bons na área de software e Tecnologia da Informação (TI). Os alemães, por sua vez, estariam num bom caminho na tecnologia de produção e automatização.

"Em relação ao ano passado, foi dado um grande passo à frente. Ou seja, a Indústria 4.0 esta cada vez mais palpável", diz. "A implementação que se vê aqui no estande é um processo de produção real, que não teríamos podido mostrar dessa forma um ano atrás."

Essa não é somente a opinião de Harting, mas também de diversos outros expositores. Em todas as partes podem-se ver linhas de produção completas, que são alimentadas com material e informações e, no final, ejetam um produto acabado, muitas vezes individualizado.

Apesar disso, Thilo Brodtmann, diretor-executivo da Associação dos Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais (VDMA, na sigla em alemão) também acha que essa corrida está apenas começando. "É preciso esperar e ver quais padrões estão se formando."

E como o fornecedor alemão conhece muito bem os desejos dos clientes, Brodtmann diz ver as empresas do país bem posicionadas. "E não se trata de simplesmente copiar os Googles e Amazons da vida. É preciso ter anos de conhecimento sobre o assunto."

Sucesso ainda está por vir

Durante muito tempo se discutiu na Alemanha sobre as alçadas – sobre qual ministério teria a responsabilidade pelo tema Indústria 4.0, por exemplo. Isso parece ter sido resolvido, mas ainda não se vislumbra uma alternativa real ao Consórcio Industrial de Internet (IIC, na sigla em inglês) da indústria americana. Ou tal alternativa está bem escondida.

"Não, esse processo não está emperrado, pelo contrário: a largada foi dada e estamos à frente", diz Ulrich Grillo, presidente da Federação da Indústria Alemã (BDI). Agora é preciso acelerar "para continuar à frente".

Surpreendentemente, Grillo diz que os verdadeiros êxitos ainda estão por vir. "O verdadeiro sucesso é que isso está em todas as bocas. Mas Indústria 4.0 é uma enorme oportunidade para a economia alemã, para a indústria e, assim, estamos satisfeitos com a abordagem do tema e pelo fato de todos cuidarem dele e levá-lo adiante", afirma o presidente da BDI.

A opinião de Grillo, no entanto, não é compartilhada por Eberhard Veit, presidente da Festo, empresa fornecedora de tecnologia de automação. Sua firma é uma das muitas empresas alemãs líderes mundiais de mercado a estabelecerem padrões na indústria de transformação.

Para Veit, a indústria alemã não está atrás da concorrência americana. "Tal impressão é totalmente errada. Estamos tão abarrotados de trabalho que nos esquecemos de dizer que estamos muito à frente dos americanos." Não é preciso esconder, as instalações e tecnologias convencem, acrescentou Veit, "e acreditamos estar à frente".

Mercado digital interno

No entanto, é preciso definir ainda algumas questões básicas. Disso, Grillo também está ciente. "Precisamos executar a Indústria 4.0", diz. Segundo o presidente da BDI, os políticos precisam garantir condições básicas, necessitam-se padrões comuns, normas de segurança e diretrizes europeias em matéria de proteção e segurança de dados.

"Os americanos têm uma vantagem. Apertando uma vez o botão, eles têm à disposição 315 milhões de consumidores. Na Europa, temos de destrinchar isso para 28 países", afirmou Grillo. "Precisamos de um mercado digital interno na Europa."

Por sua vez, Heinz Jörg Fuhrmann, presidente da empresa de produtos e tecnologia do aço Salzgitter, mostra-se pouco impressionado com todo o burburinho em torno da Indústria 4.0. Furhmann sorri quando é indagado sobre a combinação aço e produção em rede.

"Eles combinam muito bem", afirma. Isso porque o aço é um produto de alta tecnologia, diz. Quando laminado a quente, milhares de dados são registrados, analisados online e transferidos para o controle de processos. "Talvez ainda não tenhamos tomado conhecimento do que significa Indústria 4.0, mas já faz anos que a praticamos", conclui Fuhrmann.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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