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Eurozona se reúne com Espanha e Grécia para discutir crise

13 mai 2012 - 06h38
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Os ministros das Finanças da zona do euro se reúnem nesta segunda-feira para discutir, entre outros, os crescentes problemas observados na Grécia para formar um essencial governo de coalizão - que reavivaram os temores de que o país deixará a zona do euro - e o saneamento do setor financeiro espanhol.

O presidente grego, Carolos Papulias, convocou os líderes dos partidos para uma reunião neste domingo com o objetivo de formar um governo que tenha o apoio do parlamento resultante das eleições gerais de 6 de maio, após o fracasso dos três partidos mais votados em tentar formar um governo de coalizão na semana passada.

O chefe de Estado se reunirá depois com os líderes dos demais partidos, incluindo o neonazista, anunciou a presidência. Todas as reuniões serão realizadas no domingo.

Se os partidos não entrarem em um acordo antes da próxima terça-feira sobre a formação de um executivo de coalizão, serão convocadas novas eleições para o mês de junho.

Os analistas políticos consideram que, em caso de novas eleições, o Syriza - contrário às medidas de austeridade - poderia desta vez ocupar o primeiro lugar.

Por enquanto, o país - assolado por uma dura recessão e crise financeira - está afundado em uma total paralisia política. Agora está em jogo a possibilidade de que a Grécia prossiga com seus planos de rigor exigidos por seus credores, a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), e se mantenha na Eurozona.

"Estamos à beira do retorno ao dracma (antiga moeda nacional) e do desastre", assegurava neste sábado o jornalliberal Kathimerini, que classificou a situação de "muito perigosa".

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, havia assegurado na sexta-feira em Roma que a Grécia deverá sair da Eurozona se não respeitar seus compromissos orçamentários em troca do plano de resgate aprovado pelos 17 Estados membros da União Europeia.

A Alemanha, maior economia europeia, também voltou a alertar neste sábado. "Se Atenas não respeitar sua palavra, será uma opção democrática", mas "a consequência será que a base para novas ajudas desaparecerá", declarou o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, já havia declarado na sexta-feira que a "Eurozona pode suportar uma saída da Grécia". Além da questão grega, a zona do euro tem seus olhos voltados também para a Espanha, quarta maior economia da União Monetária.

O ministro de Finanças espanhol, Luis de Guindos, terá que "explicar seu plano de reformas no setor bancário" e "justificar a nacionalização parcial do Bankia", a maior união de caixas de poupança e quarto maior banco do país, disse uma fonte europeia.

Segundo esta mesma fonte, Guindos terá que explicar as consequências destas medidas e seus planos para garantir a transparência do setor financeiro.

O governo espanhol anunciou na sexta-feira um plano de saneamento dos bancos que impõe provisões adicionais no valor de 30 bilhões de euros e a separação em seus balanços dos ativos imobiliários, tóxicos ou suscetíveis de chegar a essa condição no futuro pela desvalorização do mercado após o estouro da bolha, em 2008.

As instituições bancárias espanholas carregam um fardo de 184 bilhões de euros (cerca de 238 bilhões de dólares) de ativos "problemáticos" por seu valor incerto (créditos de reembolso duvidoso, imóveis confiscados em um mercado desvalorizado), que representam 60% de sua carteira.

Esta fragilidade do setor provoca preocupação nos mercados a respeito da saúde da economia espanhola, principalmente depois de Madri ter resgatado o Bankia, quarto maior banco do país e o mais exposto dos grandes bancos aos ativos imobiliários problemáticos.

"A ideia geral é que a situação dos bancos é pior do que se acreditava", disse Edward Hugh, economista independente que atua em Barcelona, lembrando que "ainda estamos longe de conhecer a verdadeira envergadura das perdas" causadas pelo setor da construção.

Com esse cenário, a Espanha tem sido palco de uma série de protestos populares, assim como a Grécia. No sábado, milhares de "indignados" saíram às ruas, dando início a quatro dias de mobilizações.

"A paciência está se esgotando porque a situação econômica não melhora e o peso sobre as classes trabalhadoras é tremendo", afirma Bárbara, uma professora universitária de 30 anos.

Fonte: AFP
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