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ENTREVISTA-Safra de café robusta do Espírito Santo deve cair pela metade, diz Cooabriel

20 abr 2016 - 15h56
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A safra de café robusta do Espírito Santo, maior produtor brasileiro da variedade conhecida também por conilon, deverá cair pela metade em 2016, impactada pela seca e calor intensos, que afetam a produção pelo terceiro ano seguido, afirmou um importante representante do setor produtivo capixaba.

A safra do conilon, cuja colheita começou recentemente, deverá atingir cerca de 4 milhões de sacas de 60 kg, segundo a avaliação do presidente da maior cooperativa de cafeicultores do Espírito Santo, a Cooabriel, Antônio Joaquim de Souza Neto.

Souza Neto, de 73 anos, que atua na cooperativa há quase meio século, afirmou que nunca viu uma situação precária como a atual na cafeicultura do Estado, que convive com açudes e poços secos, antes usados para a irrigação, e lavouras depauperadas.

"Jamais acreditei que um dia veria o que estamos passando aqui hoje... O Espírito Santo está atravessando um problema de seca muito grande, de três anos para cá piorou muito... faltou água e o café não granou", afirmou o presidente da Cooabriel, ressaltando que a colheita será marcada por grãos miúdos.

A projeção de Souza Neto indica uma queda de mais de 48 por cento ante a safra anterior, estimada em 7,76 milhões de sacas pelo Ministério da Agricultura. O volume também representa uma redução semelhante em relação ao total que a cooperativa e o governo esperavam para o Espírito Santo no início do ano, apontando ainda um cenário mais negativo ante o antecipado pelo mercado.

Caso essa desoladora expectativa seja confirmada, a quebra de produção do conilon no Espírito Santo ameaçaria o recorde esperado para a safra total nacional, prevista pelo governo no início do ano em até cerca de 52 milhões de sacas, numa projeção embasada na recuperação das produtividades das lavouras do café arábica após dois anos de seca em Minas Gerais, o maior produtor brasileiro.

A maior colheita da história do Brasil, o maior produtor e exportador global, segundo levantamentos do governo, foi obtida em 2012, quando o país registrou 50,8 milhões de sacas.

"O grão está muito pequenininho", disse o líder da Cooabriel, ressaltando que praticamente 5 por cento dá área já foi colhida na região da cooperativa, com sede em São Gabriel da Palha.

Souza Neto lembrou que no ano passado a região da Cooabriel recebeu menos da metade da média histórica de chuvas, de 1.158 milímetros, uma situação que está se repetindo em 2016. Em 2014, o volume acumulado foi de 913 mm.

O Incaper, órgão de assistência técnica do Estado, confirmou que a produção do café deste ano foi prejudicada, mas afirmou que "ainda é precoce dizer no quanto foi prejudicial".

Procurada, a assessoria de imprensa do Incaper afirmou que os técnicos estão a campo para levantar os dados com exatidão, e que apenas em maio terá informações mais precisas.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulga a sua segunda estimativa de safra em 18 de maio.

CONSEQUÊNCIAS

Segundo ele, a seca deste ano deverá ter impacto na produção do ano que vem. Além da redução por perda de produtividade, alguns produtores estão avaliando que é melhor apostar no replantio das lavouras.

A situação é tão dramática que a cooperativa ainda não conseguiu estimar quanto receberá de café de seus cooperados. No ano passado, os recebimentos somaram 943 mil sacas, ante 1,148 milhão em 2014. "Para 2016, acho que vamos receber bem menos", disse o presidente.

Segundo Souza Neto, a "sorte" do Brasil é que a produção de café arábica virá grande, o que poderá permitir que as indústrias substituam em parte o conilon utilizado no "blend".

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