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Entenda a função do euro e a influência no mercado do Brasil

26 jul 2012 - 08h23
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Lançado em 1999 e em circulação desde 2002, o euro foi idealizado como uma moeda que dá mais estabilidade às negociações. Segundo o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP e presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia, o que garante esta condição ao euro são as medidas tomadas frequentemente pelo Banco Central Europeu para minimizar as oscilações - diferentemente do The Federal Reserve Bank, que muitas vezes valoriza propositalmente o dólar.

Para o caso do fim do euro, as negociações que hoje são feitas na moeda europeia passariam a ser feitas em dólar
Para o caso do fim do euro, as negociações que hoje são feitas na moeda europeia passariam a ser feitas em dólar
Foto: Shutterstock

Com a crise disseminada nos países europeus, surgiram especulações sobre a saída de alguns deles do acordo. No caso de isso de fato ocorrer, o mundo inteiro sofreria consequências. Entenda como essa tsunami causada por um eventual fim da moeda europeia chegaria nos empresários brasileiros.

Substituição por dólar

O professor Leonardo Trevisan, do curso de Relações Internacionais da ESPM de São Paulo, explica que o primeiro reflexo, no caso de uma ruptura do euro, seria a substituição dos parâmetros para negociações de importação e exportação da moeda europeia para dólar. Isso faria com que os valores ficassem bem mais instáveis, já que a moeda americana oscila com mais frequência. "Isso seria muito ruim, principalmente para os mercados emergentes", explica Garcia.

Acordos independentes

Outra alternativa seria negociar em moedas locais. Com o fim do euro, voltariam a existir as moedas independentes de cada país que, com a crise, seriam extremamente instáveis. A alternativa às negociações em dólar seria fixar acordos independentes com cada um dos países, mas essas moedas também seriam flutuantes, pois há crise no continente. Além da China, onde grande parte das exportações e das importações são feitas em yuan para minimizar as perdas cambiais, o Brasil teria a opção de tentar fazer a mesma negociação com os outros países, mas os empresários teriam de lidar com as grandes variações dessas moedas.

Busca por novos mercados

A ruptura do euro só poderia ser ocasionada por uma crise generalizada no continente, o que poderia fazer com que o Brasil precisasse buscar novos parceiros comerciais. Trevisan explica que grande parte dos 18% de exportações brasileiras que têm como destino a zona do euro é de itens de primeira necessidade, como alimentos e minério de ferro, o que faz com que as compras não pudessem ser tão menores por parte daqueles países, mesmo em um cenário de crise. Contudo, para Garcia, o Brasil teria de começar a encontrar novos compradores para seus produtos, o que já vem ocorrendo, com a crescente busca de mercados consumidores na África e na América Latina. "Em um caso de ruptura, o cenário seria de extrema incerteza", diz.

China

O professor da ESPM Leonardo Trevisan explica que outra grande consequência de uma ruptura da moeda europeia seria a menor exportação para um país que fica bem longe da zona do euro. Se o Brasil não é um grande exportador de bens industrializados para a Europa, a China é. E o país oriental é hoje o maior parceiro econômico brasileiro, compra cerca de 22% do que sai do país. Com uma eventual crise europeia tão forte que rompesse o euro, os países daquele continente deixariam de comprar produtos chineses e esses, com uma menor demanda, teriam menor necessidade de comprar os materiais brasileiros. Isso poderia gerar um grande impacto na agenda comercial do Brasil.

Grande crise mundial

Ambos os especialistas falam que uma crise que gerasse a ruptura do euro é muito difícil de ocorrer. Mas, caso acontecesse, provocaria uma crise generalizada tão grande que levaria o mundo inteiro a uma recessão sem precedentes, já que há muitas negociações envolvendo a zona do euro, em todos os continentes. Haveria desaceleração de crescimento em todos os emergentes e, segundo Garcia, levaria, no mínimo, cinco anos até uma estabilização da economia mundial.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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