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Empresas lucram com a exclusividade do artesanato

27 jul 2012 - 07h49
(atualizado às 07h54)
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O artesanato foi sempre visto como um dos pontos mais marcantes da cultura brasileira. Segundo dados de 2010 da Secretaria do Desenvolvimento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o artesanato envolve 8,5 milhões de pessoas no Brasil. Não é à toa que em qualquer cidade é possível encontrar feirinhas e bazares com diversas opções feitas à mão. Mas o trabalho que normalmente era feito em pequena escala, e vendido de forma modesta, despertou o interesse de empreendedores, que buscam dar ao material feito de forma artesanal o status de produto exclusivo.

Artesanato ganha visão de negócios e status de produto exclusivo, em especial no setor têxtil
Artesanato ganha visão de negócios e status de produto exclusivo, em especial no setor têxtil
Foto: Divulgação


O setor no qual essa tendência tem se apresentado mais evidente é o de roupas e acessórios. Um exemplo é a estilista alagoana Martha Medeiros, que aposta no mercado de luxo. "A paixão pela arte e pelo artesanal herdei da minha avó. Sempre ia com ela para as comunidades e cresci vendo as rendeiras confeccionarem as rendas", conta Martha.



Para a confecção de seus modelos, a estilista conta com uma equipe de mais de 250 rendeiras, de cinco comunidades diferentes do interior de Alagoas, que produzem a renda com base em desenhos feitos por ela. Por serem feitas totalmente de forma manual, algumas levam de seis meses a um ano para ficarem prontas. E um vestido da marca sai por aproximadamente R$ 20 mil. "As rendas que utilizo são uma das únicas no mundo que ainda são feitas manualmente e isso as torna especiais. Cada pedaço de renda tem um desenho diferente, e ele nunca se repete, o que torna as peças exclusivas", explica Martha.



Outro exemplo é a marca paulistana de roupas Lolitta, que aposta em coleções que misturam o crochê e tricô a tecidos nobres. "As peças possuem informação de moda. E possuem grande valor agregado, pois são tecidos manualmente, um a um", explica Lolita Zurita Hannud, estilista da marca. No processo de criação das peças estão envolvidas cerca de 30 costureiras, retilinistas e bordadeiras.



Mercado internacional

Presente em mais de 20 lojas multimarcas no País, e com um crescimento de 40% ao ano, Martha Medeiros é atualmente a única marca de roupas brasileira presente na consagrada loja Bergdorf Goodman, em Nova York. A empresa tem a intenção de internacionalizar ainda mais a marca, com planos de abrir uma loja própria nos Estados Unidos. "Em setembro, irei participar de um projeto em Londres, para o qual foram selecionadas 10 marcas que representam o 'DNA brasileiro'", conta Martha.



A marca paulistana Lolitta também já visa o mercado internacional e exporta os produtos desenvolvidos em São Paulo para lojas multimarcas dos Estados Unidos, Mônaco, Jordânia, Dubai e França.



Vendas pela internet

Já o foco da empresa Elo7 é a venda de produtos de pequenos artesãos por meio de lojas virtuais. "Observando a dinâmica do mercado, constatamos que a principal dificuldade do artesão era a divulgação e a venda dos produtos", aponta Carlos Edurso Curioni, diretor geral do Elo7. Criado em 2008, o site recebe em média 7,6 milhões de visitas por mês e tem atualmente 85 mil artesãos e mais de 1 milhão de produtos cadastrados.



"A internet entra como alternativa, pois o custo fixo de uma loja virtual é muito baixo. Basta tirar fotos dos produtos e postar, e dessa forma realizar vendas para o país inteiro", aponta Carlos. O custo anual para manter uma loja no site é de R$ 29,90. Para ser aceito, o artesão deve se encaixar no perfil do grupo. "Não é permitido nenhum tipo de revenda, tem que ser uma produção própria. Também não pode ser um processo industrializado, ou produção em alta escala", orienta.



As vendas são negociadas diretamente com o artesão e as formas de pagamento incluem cartão, transferência bancária ou boleto. A cada venda, é cobrada uma comissão de 12%. "Nos responsabilizamos em trazer a demanda para ele e compartilhamos o risco e o sucesso da venda com essa taxa", afirma Carlos.



O site já apresenta um crescimento de 140% nas vendas, comparando ao período de maio de 2011 a maio de 2012. Aumento que atraiu investimentos de fundos de

venture capital

. "Já realizamos duas rodadas de investimento", diz Carlos. Hoje, o Elo7 é gerido por três fundos de

venture capital

americanos: Monashees Capital, Accel Partners e Insight Partners.

Fonte: Cross Content
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