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Empresa aérea é investigada por pousos por falta de combustível

10 out 2012 - 16h05
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A companhia aérea low cost Ryanair é líder do mercado na Espanha com mais de 30 milhões de passageiros ao ano, mas vem sendo protagonista nos últimos meses pela falta de segurança. O Ministério de Fomento abriu uma investigação depois de três pousos de emergência da empresa por falta de combustível no aeroporto de Valência.

Aviões da Ryanair realizaram pousos por falta de combustível
Aviões da Ryanair realizaram pousos por falta de combustível
Foto: AFP

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Investiga-se se outras quatro aterrisagens deste tipo podem ter acontecido, além de mais de 1 mil incidências somente este ano. "A maior economia que se pode fazer num voo é com o combustível e algumas companhias têm uma política de uso do mínimo estipulado pelas normas europeias", explica Iván Gutiérrez Santos, diretor geral técnico do Colégio Oficial de Pilotos da Aviação Comercial na Espanha (Copac).

Se declarada culpada, a Ryanair não perderia a licença para voar na Espanha, mas poderia sim ser levada a questionamentos em Bruxelas, onde se determina as normas de aviação para toda a Europa. Agora, as denúncias estão sob segredo de Justiça, mas a ministra Ana Pastor já começou a endurecer as normas de segurança de voo e fiscalizações para evitar, segundo ela, situações de perigo iminente. "A ministra tinha que mostrar que tem o controle da segurança aérea espanhola, mas se a Ryanair fosse realmente um problema, não poderia voar no continente, como faz", opina Carmen Abril Barrie, professora da Universidade Complutense de Madri.

Para a Copac, as medidas chegam depois de muitos pedidos. "Faz tempo que reclamamos supervisões mais efetivas e sanções para quem coloque os passageiros em risco. Precisávamos destas medidas não só pelo que aconteceu agora, mas para garantir que a segurança seja o principal objetivo também em outras companhias", afirma Gutiérrez Santos.

Michael O'Leary, presidente da Ryanair, defende-se dizendo que cumpre todas as normas, mas como afirma o diretor da Copac, isto pode não ser suficiente. "As regras estabelecem requisitos mínimos, como no caso da carga de combustível, sobre os quais que deve aplicar uma margem em função de problemas que possam ocorrer. Mas, pelo visto, a política de uso de combustível da irlandesa deve ser revisada."

Publicidade negativa e modelo de negócio

Mesmo com a suspeita de insegurança, não se espera que a empresa note uma queda acentuada no número de passageiros, já que há voos por até nove euros (cerca de R$ 22). "Há passagens mais baratas do que um táxi para distâncias curtas, e é com isso que o público da Ryanair está preocupado", explica Carmen Abril. "Todos sabemos que Michael O'Leary gosta de criar polêmica, e creio que mesmo negativas, estas denúncias são na verdade propaganda gratuita para eles", completa.

Em 2011, 76 milhões de pessoas voaram com a companhia irlandesa. E para Carmen, foi justamente este modelo de negócio que fez com que a empresa esteja crescendo em toda Europa, mesmo com a crise dos últimos anos. "O público é constituído principalmente por jovens, estudantes e gente que não se importa em pagar pouco, mesmo não tendo lanche nem muito espaço durante a viagem", diz.

A professora vai mais longe e diz que na América Latina, incluindo o Brasil, este mesmo modelo poderia ter ainda mais sucesso. "As distâncias são mais longas e muita gente de classe média - não somente jovens - que não poderia se permitir pagar uma passagem de avião hoje, iria preferir voar por menos da metade do preço do ônibus. Para garantir que o custo seja baixo assim, a companhia economiza desde o amendoim até o combustível."

Barato, mas com conforto é mais caro

É verdade que há passagens por até nove euros, mas elas demandam também muita atenção do consumidor. Se o passageiro vai voar de Ryanair, é aconselhável fazer o check-in online e levar seu bilhete impresso, senão pode pagar 60 euros (cerca de R$ 150) adicionais ao preço do bilhete no balcão do aeroporto. Além disso, deve verificar se sua bagagem não ultrapassa o tamanho e peso máximos (55 x 40 x 20 cm e 10kg) ou terá que pagar mais 50 euros (cerca de R$ 125) por não poder levá-la na cabine. E só está permitido levar um volume como bagagem de mão, contando pequenas bolsas ou o computador em outra maleta.

Por fim, é preciso verificar o horário e a distância do aeroporto até o local onde precisa ir, já que a companhia trabalha com aeroportos afastados dos grandes centros e o transporte pode custar caro durante o dia e mais ainda se o voo atrasar e for necessário ir de táxi quando o transporte público já está parado.

Fonte: Especial para o Terra
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