Eleições britânicas: Ajuste faz economia crescer, mas padrão de vida preocupa
Taxa de desemprego está em 5,7%, mas só agora salários começam a crescer acima da inflação
Uma expressão que não para de ser repetida no Brasil está na ordem do dia também na eleição britânica: ajuste fiscal.
Apesar de a política de austeridade adotada pelo governo há cinco anos ter trazido recuperação, a oposição argumenta que a qualidade dos serviços públicos e o nível de vida da população caiu.
Os Conservadores fizeram cortes de mais de 100 bilhões de libras desde 2010 e, no ano passado, o PIB do Reino Unido avançou 2,8% – crescimento mais acelerado que o das outras economias do G7.
Depois de chegar ao pico de 2,68 milhões de pessoas durante a crise, o desemprego atinge agora 1,86 milhões de pessoas.
O bom período econômico deveria significar vantagem para o Partido Conservador, mas a questão não é tão simples. O Partido Trabalhista, principal opositor, afirma que serviços públicos, como a saúde, pioraram, assim como o padrão de vida das pessoas.
Apesar de a taxa de desemprego estar em 5,7%, os salários só agora começaram a crescer mais rapidamente que a inflação.
Além disso, pesquisas também mostram que muitas pessoas gostariam de trabalhar mais horas do que podem – já que, durante a crise, muitos empregos integrais foram substituídos por vagas de meio período.
O governo reduziu o deficit em cerca de um terço, mas os pagamentos de juros da dívida e aumento de custos de assistência social levaram a um endividamento público maior que o esperado pelo governo.
Também há riscos externos: o crescimento está desacelerando em parceiros comerciais importantes do Reino Unido, como a zona do euro e a China, o que pode afetar a economia britânica.
Especialistas acreditam que o próximo governo – seja qual for – terá de manter o curso do corte de gastos e aumento de taxas.
Os Conservadores afirmam que irão eliminar o deficit até o fim do mandato, e os Trabalhistas afirmam que irão reduzir o deficit, gradualmente, ano a ano.
Brasil
No Brasil, o ajuste está em curso para tentar reverter a desaceleração econômica. O país teve, em 2014, um dos piores desempenhos entre os países mais industrializados do mundo.
O Produto Interno Bruto brasileiro no ano passado cresceu apenas 0,1%. Em uma comparação com os outros 19 países do G20, apenas Itália e Japão apresentam resultados piores que o brasileiro no período.
Com isso, o ajuste fiscal voltou a fazer parte da agenda econômica do governo - encabeçada pelo atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Foram anunciados cortes em diversos ministérios e outras medidas que atingirão diretamente os trabalhadores, como a alteração no acesso a direitos como o seguro-desemprego.
A meta do governo, até o momento, é poupar, com cortes, R$ 66 bilhões neste ano.
Em março, o IBGE anunciou que o desemprego subiu para 6,2 %, uma alta de 0,3 ponto porcentual na comparação com fevereiro e de 1,2 ponto porcentual em relação a março do ano passado.
Isso ocorre porque, com a crise econômica - encolhimento do PIB, desaceleração do consumo, juros maiores e inflação, entre outros - mais pessoas estão buscando empregos, o que pressiona a taxa.