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Dólar fecha setembro com maior queda mensal desde 2011

ECONOMIA - Política Monetária

30 set 2013 - 15h33
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Após quatro meses de alta ante o real, o dólar teve em setembro a maior queda mensal em quase dois anos, diante do alívio no cenário internacional e do programa de intervenção cambial do Banco Central. Apenas nesta sessão, a moeda americana despencou quase 2 por cento devido à entrada de divisas e expectativas de um aperto monetário mais agressivo no Brasil.

Preocupações sobre um possível fechamento do governo americano a partir desta terça-feira também deixaram investidores cautelosos e derrubaram o dólar ante moedas consideradas mais seguras, como o iene japonês e o euro. O impacto em relação à maioria das moedas emergentes foi mais modesto, devido ao aumento da aversão global por risco, mas alguns analistas disseram que uma queda abrupta nos gastos do governo americano poderia forçar o Federal Reserve a adiar ainda mais a retirada de estímulos monetários, beneficiando moedas emergentes também.

O dólar perdeu 1,83%, para R$ 2,2163 na venda, neste pregão. Em setembro, a divisa americana teve queda de 7,08%, maior recuo mensal desde outubro de 2011, quando acumulou perdas de 9,51%. "O Federal Reserve realmente abriu uma janela para o dólar (se enfraquecer) ao manter o estímulo. Agora, não dá pra dizer muito bem onde (a moeda dos EUA) vai estabilizar, já que temos visto muita volatilidade", disse o operador de um banco internacional, ressaltando que a pressão de alta vista nos últimos meses "definitivamente" perdeu força.

Analistas ressaltaram que a trajetória do dólar deve depender da postura do Banco Central brasileiro face aos novos patamares da divisa. Na última vez em que o dólar foi negociado em torno de R$ 2,20, a autoridade monetária deu sinais de que poderia reduzir a intensidade do seu programa diário de intervenção no mercado de câmbio. "O mercado exagerou na queda e parou quando se aproximou de 2,22 (reais)", afirmou um operador de câmbio de banco nacional.

O temor do BC é de que um dólar muito baixo reduza a competitividade da indústria brasileira. Por outro lado, uma alta exagerada da moeda americana pode trazer ainda mais pressões inflacionárias devido ao repasse do câmbio aos preços de produtos importados. Preocupações com a inflação explicitadas pela autoridade monetária nesta segunda-feira aumentaram as apostas do mercado em um ciclo mais agressivo de alta de juros.

Um cenário de Selic mais elevada no anoque vem tornaria o real mais atrativo em relação a outras moedas, atraindo mais dólares ao país. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação do BC, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 5,7% em 2014, ante estimativa anterior de 5,4%.

A formação da Ptax do mês também deixou as negociações um pouco mais tensas. A taxa, uma cotação média da divisa dos Estados Unidos calculada diariamente pelo Banco Central, é utilizada como referência para uma série de contratos no país. Segundo agentes do mercado, uma grande empresa de capital aberto com amplo passivo em dólares puxou a cotação do dólar para baixo, realizando grandes operações de entradas de divisas, com o objetivo de influenciar a formação da Ptax. "A queda do dólar foi maior aqui porque houve uma grande entrada de divisas de uma grande empresa aberta", afirmou o tesoureiro de um banco internacional.

EUA

Enquanto isso, no cenário externo, o dólar seguia pressionado devido às preocupações políticas nos Estados Unidos, à medida que se aproximava o prazo final para evitar uma paralisação do governo americano. "O dólar está perdendo valor no mercado global. Isso tem a ver com as preocupações políticas nos Estados Unidos, que pode favorecer outras moedas, devido ao risco ao crescimento econômico no país", explicou o economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano.

O Senado dos EUA derrubou nesta segunda-feira projeto que adiaria o programa de saúde pública do presidente Barack Obama, conhecido como Obamacare, em troca de financiamento ao governo federal para além desta segunda-feira. Deputados republicanos anunciaram então que vão apresentar um novo projeto de gastos emergenciais, novamente atacando o Obamacare. Na semana passada, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, alertou o Congresso que o país irá esgotar a capacidade de empréstimo até no máximo 17 de outubro, data em que o Tesouro terá apenas cerca de US$ 30 bilhões na mão.

Nesta segunda-feira, o Banco Central brasileiro realizou mais um leilão de venda de swap cambial tradicional - equivalente a venda de dólares no mercado futuro--, previsto em seu cronograma de intervenções diárias. Foram vendidos os 10 mil contratos ofertados com vencimento em 3 de fevereiro de 2014 e o volume financeiro equivalente da operação foi de US$ 497,7 milhões. O BC também anunciou os detalhes da intervenção de terça-feira, quando ofertará entre 9h30 e 9h40 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 3 de fevereiro de 2014. O resultado será conhecido a partir de 9h50.

Fonte: Reuters News
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