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Dólar cai 1,55% e fica abaixo de R$ 2,20 pela 1ª vez em 3 meses

2 out 2013 - 17h21
(atualizado às 17h38)
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O dólar caiu mais de 1% nesta quarta-feira, ficando abaixo de R$ 2,20 e atingindo a menor cotação em pouco mais de três meses, com dados fracos sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos, somados ao segundo dia de paralisação do governo norte-americano, alimentando apostas de que o banco central do país manterá seu programa de estímulos por mais tempo.

A divisa norte-americana acelerou ainda mais as perdas na reta final do pregão após o presidente do BC brasileiro, Alexandre Tombini, sugerir que o ciclo de aperto monetário poderia ser mais longo do que o esperado, o que atrairia mais dólares para o país, em entrevista à Bloomberg.

O dólar perdeu 1,55%, a R$ 2,1940 na venda, menor nível para a divisa desde 26 de junho passado, quando fechou em R$ 2,1894.

Analistas vêm citando o nível de R$ 2,20 como um possível piso informal para a divisa norte-americana. "Esse movimento do dólar acompanhou a tendência das moedas emergentes. Estamos nesse drama do apagão do governo dos EUA e houve também os dados sobre o mercado de trabalho, então o mercado está com um pouco de ansiedade", disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Apostas de que o Fed adiará a redução de seu programa de recompra de bônus, responsável por parte considerável dos dólares que inundam os mercados emergentes, crescem à medida que republicanos e democratas não chegam a um acordo sobre o orçamento dos Estados Unidos, necessário ao funcionamento do governo.

A paralisação parcial de diversos órgãos federais nos Estados Unidos deixava centenas de milhares de funcionários públicos sem trabalho. Além disso, investidores ficavam cada vez mais temerosos de que republicanos e democratas não chegarão a um acordo para elevar o teto da dívida norte-americana, levando o país a um default.

O governo norte-americano esgotará sua capacidade de empréstimo até no máximo o dia 17 de outubro, data em que o Tesouro terá apenas cerca de 30 bilhões de dólares na mão, segundo o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew.

Dados fracos sobre o mercado de trabalho dos EUA também alimentaram as expectativas de que o Fed manterá as compras de ativos no ritmo de 85 bilhões de dólares por mês por um período mais prolongando.

Mais cedo, a processadora de folha de pagamentos ADP informou que o setor privado do país criou 166 mil postos de trabalho em setembro, enquanto economistas ouvidos pela Reuters previam resultado positivo de 180 mil.

"Com os dados da ADP abaixo das expectativas, o mercado acredita que o Fed vai manter o programa de estímulos, enfraquecendo o dólar", afirmou o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki.

Faltando uma hora para o fim da sessão, o dólar acelerou a queda após Tombini afirmar à Bloomberg que o BC tem uma "janela" para conter a inflação que vai até abril de 2014, derrubando o dólar para a mínima do dia, a R$ 2,1931.

"Se a janela para o combate da inflação vai até abril de 2014, então investidores vão interpretar que o BC vai continuar elevando a taxa de juros até lá", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.

Em abril, o BC iniciou um ciclo de aperto monetário e tirou a taxa básica de juro Selic da mínima histórica de 7,25% para os atuais 9%.

Analistas afirmaram ainda que o fluxo de entrada de divisas no país foi intenso nesta sessão, ajudando a depreciação do dólar. Dados do BC mostraram que a economia brasileira registrou entrada líquida de 688 milhões de dólares na semana passada, embora o saldo continue negativo no acumulado do ano.

Ainda nesta quarta-feira, o BC realizou mais um leilão de swap cambial tradicional como parte de seu programa de atuações diárias no mercado de câmbio. Foi vendida a oferta total de 10 mil contratos com vencimento em 3 de fevereiro de 2014. O volume financeiro equivalente da operação foi de 498,1 milhões de dólares.

E já anunciou para quinta-feira a próxima intervenção, ofertando 10 mil contratos de swap tradicional com vencimento em 3 de fevereiro de 2014. O leilão ocorrerá entre 9h30 e 9h40 e o resultado será conhecido a partir de 9h50.

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