Diretor de Avatar vem ao Brasil discutir sustentabilidade
- Arnoldo Santos
- Direto de Manaus
O cineasta canadense James Cameron completa 57 anos em agosto deste ano. É de se imaginar que sua infância, vivida em boa parte próxima ao espetáculo natural das Cachoeiras do Niágara (fronteira Canadá/EUA), teve algum ingrediente marcante relacionado com o meio ambiente. Daí que a maior obra, em termos de bilheteria, de Cameron ter um roteiro que alerta para a exploração abusiva dos recursos naturais, o descaso com as populações tradicionais e o descontrole ético da exploração comercial. Com uma indiscutível presença marcada na história do cinema mundial, por sucessos como Exterminador do Futuro, Aliens e Titanic, a criação de Avatar deixa Cameron credenciado para se envolver em eventos onde o cinema é apenas coadjuvante entre os assuntos principais.
As experiências pessoais do cineasta mostrando o porquê da importância da preservação da Amazônia são o tema da palestra que Cameron profere no Fórum Internacional de Sustentabilidade, que acontece em Manaus (AM) nos dias 26 de 27 de março (sexta e sábado). Cameron está previsto para falar no segundo dia do evento e, depois de falas e debates em torno de teorias e experiências práticas, a palestra de Cameron deve coroar o evento com o toque artístico e figurado do que pode vir a ser o futuro indesejado da desenfreada degradação da natureza. É como se os participantes pudessem ver uma espécie de alerta imagético do que pode acontecer caso o homem não mude em suas atitudes reais.
O filme de Cameron é impressionante em termos de inovação tecnológica, mas nem precisou sair dos velhos clichês para criar uma história incômoda: o ser humano tendo de buscar outros Mundos para explorar, depois que usou o seu de maneira errada e o deixou estéril, mesmo que este "novo Mundo" tenha seres nativos com suas culturas e histórias próprias. Um enredo que lembra experiências reais da história, como a colonização norte-americana nas áreas indígenas centrais de seu território, a invasão nos campos sagrados das populações maias, incas e astecas da América Central, e a colonização do Brasil em cima dos povos que aqui já existiam antes do descobrimento.
É o recado para os homens do dinheiro que deve ser o melhor fator da presença de James Cameron, personalizado no seu blockbuster ambiental ganhador de 3 Oscar (efeitos visuais, cinematografia e direção de arte), em Manaus. A organização do fórum espera ter a presença de 300 dos mais importantes líderes empresariais do país, e também de políticos influentes, que devem preencher a platéia do Tropical Hotel. Resta saber se o discurso ambiental da produção cinematográfica de Cameron vai ter efeito fora da sala de cinema não significando apenas um incremento na bilheteria acumulada de seus filmes premiados.