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Crise da Abengoa pode afetar sistema elétrico do Brasil até 2020, dizem ONS e EPE

28 abr 2016 - 16h46
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Os problemas da elétrica espanhola Abengoa, que paralisou obras de linhas de transmissão no Brasil em novembro passado em meio a uma crise financeira, podem gerar impactos para o sistema elétrico do país até 2020, de acordo com estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE) visto pela Reuters.

O principal problema seria a limitação na quantidade de energia que pode ser enviada para outras regiões do país por usinas no Norte, como a mega hidrelétrica de Belo Monte, que em diversos momentos poderá não conseguir gerar a toda carga devido à falta de linhas de transmissão.

A Abengoa tem cerca de 6,3 mil quilômetros em linhas a serem implantadas no Brasil, atualmente paralisadas, a maioria entre o Norte e o Nordeste, segundo informações do site da companhia.

O estudo, que considera o cenário de as obras da Abengoa não serem concluídas antes de 2020, foi preparado por ONS e EPE a pedido do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne autoridades federais em energia, e apresentado em reunião realizada pelo órgão em março.

Como o Norte possui a menor demanda do país e ao mesmo tempo enormes usinas, como Belo Monte e Tucuruí, a região exporta energia para outras regiões.

Mas os problemas da Abengoa devem resultar no Norte em geração maior que a disponibilidade de transmissão já em agosto deste ano, o que poderá perdurar até o início de 2020.

O ONS aponta que a geração média prevista deverá ser maior que a capacidade das linhas no início de 2017, época de chuvas, que aumentam a capacidade de produção das hidrelétricas, o que se repetiria nos primeiros meses de 2018 e de 2019.

Em 2017, a restrição alcançaria uma máxima de 1,2 mil megawatts médios no período úmido, mostra o estudo, o que representa aproximadamente a capacidade de geração de uma hidrelétrica do porte de Teles Pires, no Mato Grosso, orçada em 4,5 bilhões de reais.

Em 2018, a limitação seria de 900 megawatts médios e em 2019 poderia alcançar entre 1,7 mil megawatts médios e 3,3 mil megawatts médios.

O final das restrições é estimado para 2020, quando é previsto que estejam em operação dois linhões de ultra-alta tensão licitados para levar energia de Belo Monte até o Sudeste.

Esses dois linhões são construídos pela chinesa State Grid, que tem estudado a aquisição dos empreendimentos da Abengoa no Brasil.

Na quarta-feira, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata, afirmou que o governo espera que os chineses façam uma oferta pelos ativos da Abengoa no próximo mês.

Procurada, a Abengoa não se pronunciou sobre o assunto.

NORDESTE E SUDESTE

A falta das linhas da Abengoa pode gerar, ainda, limitação para levar a outras regiões excedentes de energia gerados por usinas eólicas no Nordeste no período seco, entre maio e outubro.

O estudo mostra que a limitação poderia alcançar 900 megawatts médios em 2018 e 1,4 gigawatt médio em 2019, nos momentos de maior geração dessas usinas.

Já no Sudeste o ONS afirma que é possível que a falta de linhas da Abengoa exija um maior uso de termelétricas, que são mais caras que a geração hídrica, caso a região tenha que enviar energia para o Sul, o que acontece frequentemente.

Essa situação poderia perdurar até novembro de 2017, quando é prevista a conclusão de uma linha de transmissão vista como importante para o sistema, entre São Paulo e Paraná.

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