PUBLICIDADE

Comprar no cartão internacional em reais pode sair mais caro

27 jul 2012 - 07h59
Compartilhar

A cena é comum em lojas europeias e americanas: compras escolhidas, o turista chega ao caixa da loja com o cartão (pré-pago ou de crédito) internacional em punho, pronto para pagar as compras em moeda estrangeira, certo? A resposta é nem sempre. Uma prática, permitida sem muito alarde, vem ganhando espaço entre lojistas do exterior: perguntar se o turista prefere pagar a conta na moeda do país emissor do cartão - de crédito, débito ou pré-pago - em reais.

O lojista pode perguntar ao turista se ele prefere pagar na moeda do país emissor do cartão
O lojista pode perguntar ao turista se ele prefere pagar na moeda do país emissor do cartão
Foto: Shutterstock

À primeira vista, parece um bom negócio - afinal, o consumidor já saberia de antemão o quanto seria gasto - não teria de esperar pela cotação do dólar na data do faturamento do cartão de crédito. No entanto, não é isso o que costuma ocorrer: como o valor da moeda é definido na hora, e as operadoras têm recebido denúncias de um câmbio inflado, ante um euro cotado a R$ 2,50, há casos de cobrança de R$ 2,80 na transação. E nem é preciso ir ao exterior: lojas que vendem pela internet, como a Macy's, já oferecem os preços em reais. No caso do cartão pré-pago, o prejuízo também é grande: o consumidor que compra o cartão em dólar ou euro já sabe de antemão o valor que gastou e quanto tem para gastar na moeda daquele cartão. Se aceitar a sugestão do lojista para comprar em reais, o valor terá que ser convertido novamente para a moeda estrangeira, gerando mais perdas.

O assunto é controverso: a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) montou um grupo de trabalho para avaliar se a prática é considerada legal no Brasil - já que cada país de origem do cartão é quem define a regra. Mesmo com o debate, os bancos não podem recusar a transação. Também há a discussão sobre quem define esse câmbio - o lojista ou o adquirente (o fornecedor da máquina do cartão). Alexandre Magnani, vice-presidente de desenvolvimento de novos negócios da Mastercard, diz que a bandeira vem estudando a prática. "Até onde conhecemos, a prática é legal. Mas estamos nos aprofundando no tema", comenta. Procurada, a Visa informou que está em quiet period e não se manifestou.

A transação depende da aprovação do cliente - que na maioria das vezes está distraído ou não compreende bem a língua local. "Se o lojista chinês perguntar na língua dele se o turista brasileiro quer pagar em reais, será compreendido?", questiona um especialista de mercado. Para ele, a discussão sobre quem define o câmbio é irrelevante. "A receita pode até ser dividida entre o adquirente e o comércio. O argumento é uma mera tecnicalidade e tira o foco do mal maior que é o abuso contra o consumidor", critica.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
Compartilhar
Publicidade